Bayrou faz discurso curto "para não se expor", mas promete "não esconder nada" e lutar contra défice
Na cerimónia de passagem de testemunha, também o primeiro-ministro cessante, Michael Barnier, aproveitou para agradecer e dizer que deixou o cargo com o sentimento de missão cumprida
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O novo primeiro-ministro francês, François Bayrou, disse esta sexta-feira que "ninguém" mais do que o próprio conhece "a dificuldade" da situação económica em França. Ainda assim, prometeu "não esconder nada" e lutar de "olhos abertos" contra uma "herança de décadas e décadas".
Bayrou, de 73 anos, falava esta sexta-feira aos jornalistas ao lado do primeiro-ministro cessante, Michael Barnier, na cerimónia de passagem de testemunha que decorreu esta tarde, em Matignon.
Ninguém, mais do que eu, conhece a dificuldade desta situação. (...) Perante uma situação de tal gravidade, a minha linha de conduta será a de não esconder nada, de não negligenciar nada e de não deixar nada de lado. Sei que a tentação é a de pegar em um ou dois assuntos, concentrar-se neles e deixar o resto na mediocridade.
François Bayrou terá uma enorme tarefa à frente do Governo, tendo o Orçamento do Estado para 2025 como prioridade, numa altura em que a França está fortemente endividada e o projeto de orçamento da Segurança Social levou à queda do seu antecessor.
"Temos o dever de enfrentar de olhos abertos a situação, que é uma herança de décadas e décadas", disse, acrescentando que está empenhado em lutar contra "a parede de vidro que se construiu entre os cidadãos e os poderes" e em "libertar a vida dos franceses de palavras artificiais".
Na cerimónia de passagem de testemunha, o novo primeiro-ministro francês agradeceu ao antecessor Michael Barnier e optou por um discurso "não muito longo" para "não se expor". Também Barnier, derrubado por uma moção de censura, aproveitou para agradecer e dizer que deixou o cargo com o sentimento de missão cumprida.
Tentámos fazer política de outra forma, fazendo menos anúncios, dizendo menos, agindo mais, com escuta, diálogo, respeito, especialmente em relação às organizações sindicais, às quais quero agradecer… com os eleitos locais, com os franceses. Continuo a acreditar que o nosso país precisa de verdade, serenidade, dignidade e reconciliação.
Com a esquerda radical França Insubmissa (LFI) a garantir uma moção de censura, os restantes partidos da oposição não ficaram satisfeitos com a nomeação do centrista, mas garantiram não censurar o novo chefe de Governo a priori desejando conhecer primeiro os seus objetivos políticos.
*Com Maria Ramos Santos
