A Bélgica prepara-se para a maior greve geral dos últimos anos com a paralisação de companhias aéreas e serviços públicos de transportes que incluem ligações internacionais em protesto contra as novas medidas de austeridade.
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A greve geral de segunda-feira apontada como o ponto mais alto do braço de ferro entre os sindicatos e o governo começou no mês passado tendo-se registado manifestações marcadas por confrontos violentos com a polícia, sobretudo na cidade de Bruxelas.
Para além dos transportes, os sindicatos esperam a paralisação dos serviços públicos, fábricas, escolas, assim como do setor comercial a nível nacional.
Segundo os sindicatos belgas citados pela agência France Presse «não há outra opção» a não ser a greve geral contra as medidas do governo de centro-direita do primeiro-ministro Charles Michael que pretende implementar um plano de poupança de 13 mil milhões de euros durante os próximos cinco anos.
Charles Michael, francófono, 38 anos, é o chefe de governo mais jovem da Bélgica desde 1840 e lidera um Executivo de coligação que incluiu três partidos de expressão flamenga além do Partido Liberal, de expressão francesa.
Apesar da crise política interna dos últimos anos, os sindicatos uniram-se na oposição contra o governo de coligação, acusando o primeiro-ministro de querer fazer aumentar «drasticamente» o custo de vida já em 2015 através de um plano que contempla cortes no setor público e a alteração da idade da reforma laboral dos 65 para os 67 anos.
A paralisação vai afetar Bruxelas mas também as cidades francófonas de Liege e Tournai e os grandes pontos de atração turísticos da Flandres como Bruges e os portos marítimos de Antuérpia e Ostende. Os maiores sindicatos - a organização laboral cristã CSC, os socialistas do FGTB e os liberais do GGSLB - referem-se a «uma frente comum» contra o governo.
As ligações por avião vão estar paralisadas a partir de domingo à noite sendo que os controladores de tráfico aéreo belgas também aderiram à greve. Nenhum avião vai aterrar ou descolar dos aeroportos de Bruxelas, Charleroi, Liege, Antuérpia e Ostende durante um período de 24 horas, a partir das 21:00 de domingo.
As ligações ferroviárias Eurostar entre Bruxelas e Londres não vão realizar-se, assim como as ligações por comboio entre a Bélgica e capital francesa; Amesterdão, na Holanda, e a cidade alemã de Colónia. Os trabalhadores dos transportes públicos nas várias cidades também aderiram à greve. Nas autoestradas foram colocados hoje cartazes que referem que "os camionistas vão paralisar o país no dia 15 de dezembro".
Os piquetes de greve, organizados pelos três sindicatos, vão mobilizar-se junto a edifícios do Estado, escolas e zonas industriais. Os trabalhadores da recolha de lixo, correios, estabelecimentos prisionais e tribunais também já anunciaram a adesão à greve.
O sindicato dos magistrados expressou na sexta-feira «total solidariedade? com a greve e a estação de rádio pública prevê reduzir a programação à transmissão de música excetuando «serviços informativos ocasionais» durante o dia de segunda-feira.
Após a greve geral do dia 15 de dezembro os sindicatos da Bélgica devem anunciar novas formas de luta que devem ocorrer durante o período da passagem de ano.