Berlim admite que não estava preparada para receber tantos refugiados. Só no ano passado chegaram à capital cerca de 90 mil, principalmente entre os meses de Agosto e Dezembro. 55 mil decidiram ficar.
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Sebastian Muschter é, desde janeiro deste ano, presidente da "Landesamt für Gesundheit und Soziales", a Secretaria de Estado para a Saúde e Assuntos Sociais de Berlim. Admite que o trabalho que a LaGeSo (como é conhecida) e outras organizações "fizeram um trabalho horrível durante vários meses. Foi muito cruel a forma como tratámos os refugiados. Para eles foi frustrante, humilhante e muitas vezes até perigoso. Forçámos pessoas a estarem numa fila durante 25 horas, não lhes dávamos dinheiro, não tinham água e não faziam ideia de como sair daquela situação. Estavam encurraladas e frustradas. E houve alturas em que os ânimos aqueceram e as pessoas se tornaram violentas. Foi uma situação muito má."
A Alemanha é o país que mais refugiados recebe, cerca de cinco por cento escolhe Berlim como destino. Só no ano passado chegaram à capital cerca de 90 mil, principalmente entre os meses de agosto e Dezembro. 55 mil decidiram ficar. Com o acordo União Europeia - Turquia, assinado este ano, os números baixaram. Nos últimos dois meses chegam a Berlim, cada dia, entre 20 a 50 refugiados. Em novembro eram entre 700 a 800 por dia.
O atual diretor da LaGeSo garante que está a tentar consertar os sintomas e os problemas. "Os sintomas eram o sofrimento que estávamos a provocar aos refugiados. Pessoas que tinham que esperar em longas filas, com fome, sem abrigo, que dormiam em bancos de jardim ou parques. Os problemas eram mais profundos. Faltava-nos uma estrutura preparada para receber tantos refugiados. Por exemplo, agora temos uma triagem que nos permite olhar para cada refugiado de forma rápida e perceber quais são as necessidades que tem. Precisa apenas de algum dinheiro, de abrigo ou de uma assinatura num papel? Antes não fazíamos isso."