O ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi exigiu hoje que o seu partido de centro-direita participe no futuro governo do líder do centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, e que o próximo presidente da República seja «um moderado».
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Entrevistado no programa "La telefonata" do Canale 5, o líder do Partido do Povo e da Liberdade (PDL), segundo mais votado nas legislativas de fevereiro, afirmou que só apoiará um governo de Bersani se forem satisfeitas estas duas exigências.
«Tem de haver duas coisas e não uma só. Visto que as eleições deram resultados quase iguais a duas forças, exigimos um governo que inclua o PDL e (exigimos) um presidente da República moderado», disse.
«Como disse a 300.000 pessoas que vieram dar-nos o seu apoio, ou bem que o Partido Democrata (de Bersani) muda de orientação 180º, ou voltamos a votar o mais rapidamente possível», acrescentou, referindo-se à manifestação de vários milhares de pessoas, no sábado à tarde em Roma, em seu apoio.
Sublinhando que o PD passou a ocupar «todos os cargos», nomeadamente as presidências do Senado e da Câmara dos Deputados, Berlusconi assegurou que se o centro-esquerda «fizer o mesmo com a presidência», o PDL vai «bloquear o Senado e, como tal, o parlamento, e fazer descer o protesto às ruas».
O presidente de Itália, Giorgio Napolitano, um ex-comunista, encarregou na sexta-feira Pier Luigi Bersani de formar governo. Napolitano termina o seu mandato em meados de maio.
Berlusconi disse também «não ter ainda decidido» se vai reunir-se com Bersani no âmbito das consultas que o líder do centro-esquerda está a fazer.
O líder da esquerda precisa de obter a confiança das duas câmaras do parlamento. A coligação que lidera tem a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, mas não no Senado.
O PD conta com 119 senadores, mas para ver o governo aprovado na câmara alta, precisa de 159-160 votos. O Movimento 5 Estrelas, com 53 senadores, indicou que não votará a favor de um governo de Bersani ou qualquer outro executivo.
Os 21 votos de senadores da lista do primeiro-ministro cessante Mario Monti não são suficientes e não é seguro que apoiem um governo de centro-esquerda, pelo que a única solução pode ser uma aliança com o PDL e a Liga do Norte.
Bersani prossegue hoje as consultas para a formação de governo, tendo previstas reuniões com os principais sindicatos.
Depois das consultas, deverá reunir-se na quinta-feira com o presidente para lhe comunicar se reuniu os apoios necessários para formar governo.
Caso não consiga, é possível que sejam convocadas novas eleições, provavelmente para o outono, segundo a imprensa italiana.