O primeiro-ministro de Itália apresentou, este sábado, formalmente a sua demissão ao Presidente Giorgio Napolitano. O anúncio da demissão foi celebrado nas ruas por milhares de pessoas.
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O homem que liderou os destinos de Itália durante onze anos cumpriu assim a promessa de abandonar o poder assim que fosse aprovado o pacote de austeridade prometido à União Europeia como forma de impedir o agravamento da crise no país.
À chegada ao palácio presidencial, Berlusconi não teve uma recepção simpática, com milhares de pessoas, algumas segurando bandeiras de Itália e cartazes, a lembrarem-lhe que se ia demitir.
Antes, o primeiro-ministro demissionário foi vaiado ao sair de casa e ao encaminhar-se para o último Conselho de Ministros que liderou. Berlusconi lamentou a contestação e disse estar amargurado.
O povo cantou "Bella Ciao", uma canção histórica do século XIX, que foi usada em momentos marcantes de protesto como na primeira e segunda guerras mundiais.
Depois do adeus de Berlusconi, Giorgio Napolitano vai ouvir as principais figuras políticas italianas este domingo, a partir das 08:00 horas.
O presidente de Itália deverá confiar a formação de um novo governo ao ex-comissário europeu Mario Monti.
Entretanto, ouvido pela TSF, Francesco Franco, professor de Economia na Universidade Nova de Lisboa, alertou que a lei eleitoral em Itália é «péssima» e que deverá ser mudada pelo novo governo ou em referendo.
Para este professor italiano, o Presidente Giorgio Napolitano «fez uma operação politica muito engenhosa», mas agora precisa de uma «maioria alargada» no Parlamento, algo que não deve ser fácil tendo em conta divergências de opinião no principal partido, o Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi.
Com a provável ida de Mario Monti para a liderança do futuro governo «vai ser resolvido o problema da credibilidade» do país, opinou, acrescentando que o ex-comissário europeu é um «tecnocrata muito capaz e muito reconhecido a nível internacional».
Notícia actualizada às 23:54.