Biden "convencido" de que Putin decidiu avançar com invasão da Ucrânia "nos próximos dias"
Presidente norte-americano admite que o homólogo russo tem intenções de atacar a capital Kiev.
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esta sexta-feira estar "convencido" de que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu avançar com um ataque à Ucrânia "nos próximos dias", incluindo à capital Kiev.
"Neste momento, estou convencido de que ele tomou a decisão. Nós temos razões para acreditar nisso", disse Biden, numa conferência de imprensa a partir da Casa Branca.
Joe Biden salientou, no entanto, que enquanto não ocorrer uma invasão "a diplomacia é sempre uma possibilidade" e revelou que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, vai encontrar-se quinta-feira, na Europa, com o homólogo russo, Sergey Lavrov.
As autoridades norte-americanas e europeias estão em alerta máximo para quaisquer tentativas da Rússia para criar um pretexto para uma invasão da Ucrânia.
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Nas últimas horas ocorreram graves violações do cessar-fogo estabelecido em 2015, ao abrigo dos Acordos de Minsk, na região ucraniana do Donbass, linha da frente que opõe o exército ucraniano às forças separatistas pró-russas.
O exército ucraniano e os separatistas acusaram-se hoje mutuamente de novos ataques no leste do país, tendo as autoridades ucranianas relatado 20 violações do cessar-fogo por separatistas durante a noite, enquanto os rebeldes pró-Rússia referiram ter contabilizado 27 ataques pelo exército ucraniano.
Na sua declaração, Biden descartou a intenção de Putin "mesmo que remota" de utilizar armas nucleares, embora considere que o governante russo está focado "em tentar convencer o mundo de que tem capacidade para mudar a dinâmica na Europa".
O Presidente norte-americano lembrou que atualmente os militares russos estão a cercar a Ucrânia em diferentes partes da fronteira comum e também na Bielorrússia.
"Acreditamos que as forças russas planeiam atacar a Ucrânia na próxima semana, nos próximos dias. Acreditamos que atacarão a capital da Ucrânia, Kiev, uma cidade de 2,8 milhões de habitantes inocentes", vincou.
Questionado sobre se o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deveria deixar o seu país para participar na Conferência de Segurança de Munique numa fase de escalada de tensões, Biden disse não ter a certeza que seja "uma escolha sábia", mas frisou que cabe ao chefe de Estado ucraniano tomar a decisão.
Biden justificou a posição dos EUA em denunciar os planos de Moscovo por não pretender um conflito.
"Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para eliminar qualquer razão que a Rússia possa usar para invadir a Ucrânia e impedi-los de se movimentarem", assegurou.
O norte-americano insistiu que a Rússia procura criar um pretexto e recorre à desinformação para justificar um ataque ao país vizinho.
Mas alertou que, caso a Rússia avance com uma invasão à Ucrânia, será "responsável" por uma guerra "desnecessária e catastrófica" que escolheu executar.
Também durante o discurso, Biden enfatizou a "união" entre EUA e os aliados contra a Rússia e mais uma vez ameaçou impor sanções a Moscovo em caso de ataque à Ucrânia.
As autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass ucraniano, ordenaram hoje a retirada em massa de civis para o território russo, alegando receio de um ataque do Exército ucraniano, apesar de Kiev desmentir qualquer intenção bélica.
De acordo com as autoridades de Donetsk, citadas pela agência russa Interfax, mais de 700.000 moradores da região estão a ser deslocados para a Rússia.
O governo ucraniano pediu hoje à comunidade internacional a condenação "imediata" das "provocações" da Rússia e dos separatistas pró-russos em Donbass, reiterando que não tem intenções bélicas em Donetsk e Lugansk.