O candidato democrata às Presidenciais norte-americanas e uma dezena de organizações exigem a detenção e julgamento dos dois responsáveis. Os agressores alegam autodefesa, mas imagens divulgadas esta semana levantam dúvidas.
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Um jovem negro foi assassinado em fevereiro nos Estados Unidos da América por dois homens brancos armados, que alegaram autodefesa. O caso está a chocar o país e já levou Joe Biden a intervir.
Procuradores de três condados da Geórgia consideraram a morte legal e decidiram não abrir qualquer processo, mas o caso sofreu uma reviravolta no início da semana com a divulgação de um vídeo de 30 segundos de imagens filmadas por um carro que seguia atrás de Ahmaud Arbery. O jovem de 25 anos fazia jogging numa estrada, quando uma carrinha de caixa aberta parou, com a porta do condutor aberta e um homem armado ao lado. O outro encontrava-se de pé na parte de trás.
É nessa altura que Ahmaud se desvia para passar pelo lado direito da carrinha e, quando chega à parte da frente, ouve-se o primeiro tiro. O jovem e o atirador surgem a lutar por trás da porta aberta, e ouvem-se mais dois tiros. O vídeo termina com Ahmaud Arbery a dar alguns passos e a cair na estrada.
Perante as imagens, surgiu a revolta, e Joe Biden não tardou a reagir pedindo justiça. O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos defendeu que as imagens mostram um assassinato a sangue frio e que deve ser aberta uma investigação.
Uma plataforma que junta uma dezena de organizações de defesa dos direitos civis divulgou nas últimas horas um comunicado em que defende que o vídeo mostra uma execução e não um ato de autodefesa. Em comunicado, as organizações exigem a detenção e julgamento dos dois responsáveis.
Os agressores, Gregory McMichael e o filho Travis, alegaram que Ahmaud se enquadrava na descrição de um ladrão que tinha assaltado várias casas na zona e argumentaram que o jovem agrediu Travis e este foi então obrigado a disparar.
Gregory McMichael é um antigo polícia e investigador do Ministério Público, e três procuradores consideraram não haver causa provável para uma detenção. Agora os procuradores pediram escusa da investigação por conflito de interesses.
Depois de conhecido o vídeo, o procurador de outro condado decidiu convocar um grande júri para que seja decidido se pai e filho devem ser levados a julgamento.
Nos Estados Unidos, os tribunais estão fechados por causa da pandemia de Covid-19, e o grande júri só poderá reunir-se, na melhor das hipóteses, em meados de junho. Até lá os dois agressores vão manter-se em liberdade.