A Liga Nacional para a Democracia, o partido da oposição birmanesa de Aung San Suu Kyi, denunciou irregularidades nas eleições alegando que os boletins de voto foram adulterados.
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«Está a ocorrer por todo o país. A comissão eleitoral é responsável pelo que se passa aqui», afirmou o porta-voz da NLD, Nyan Win, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, precisando que uma queixa já foi apresentada.
«Enviei uma carta de reclamação (...) se isto continuar assim pode prejudicar o prestígio da eleição» de hoje, aditou.
Em jogo, nas legislativas intercalares de hoje, estão 45 assentos, 37 dos quais a câmara baixa do parlamento, seis na câmara alta e dois em assembleias regionais, o que, no entanto, não coloca em causa o poder do governo do país nem dos militares que apoiam o executivo, que governaram em ditadura desde 1962 e a quem a Constituição reserva 25 por cento dos lugares no hemiciclo.
Segundo o porta-voz da NDL têm-se verificado queixas generalizadas que indicam que foi colocada cera sobre a caixa de votação do partido de Suu Kyi passível de ser removida mais tarde para cancelar os votos.
Esta é a primeira vez que o partido de Suu Kyi participa numas eleições, desde o ato eleitoral de 1990, quando ganhou com uma larguíssima maioria, mas que o regime tratou de anular.
As eleições de 2010 - que a comunidade internacional não legitimou - mereceram o boicote do NLD, mas o governo civil que daí saiu iniciou um processo de reformas que, para além destas eleições e libertação de Suu Kyi, inclui ainda a libertação de centenas de presos políticos, um processo de paz para resolver os conflitos étnicos e separatistas e a liberalização da censura sobre a imprensa e a liberdade de expressão.