Bispo de Pemba desafia jovens da JMJ a denunciarem "guerra esquecida" de Cabo Delgado
António Juliasse assinala a destruição, o medo e o sofrimento, lembrado que os jovens moçambicanos têm sido aliciados para pegarem em armas e engrossar as fileiras dos grupos armados.
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O bispo de Pemba, António Juliasse, desafiou esta quarta-feira os jovens que participam na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, a denunciarem a guerra que continua na província moçambicana de Cabo Delgado, lamentando o esquecimento deste conflito.
"Caros jovens peregrinos da JMJ. Há em Cabo Delgado uma guerra de que o mundo cada vez menos fala. Já foram contabilizados cerca de um milhão de deslocados internos e perto de cinco mil mortos", escreveu António Juliasse numa mensagem divulgada esta quarta-feira pela Fundação Ajuda a Igreja que Sobre (AIS).
Na mensagem, o bispo de Pemba apelou à solidariedade para com as populações da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, que enfrentam há cinco anos a violência de grupos armados com vários ataques a serem reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
António Juliasse assinalou a destruição, o medo e o sofrimento, lembrado que os jovens moçambicanos têm sido aliciados para pegarem em armas e engrossar as fileiras dos grupos armados.
"Tantas habitações, aldeias e infraestruturas destruídas. Instalou-se o medo e o sofrimento. As promessas enganosas de um futuro melhor e de ganhos tornaram inúmeros jovens pobres e incautos em instrumentos de guerra dos senhores poderosos [que são] localmente invisíveis", disse.
O bispo de Pemba sublinhou os níveis de morte e sofrimento causados a tantos jovens e lamentou o esquecimento cada vez maior deste conflito.
"Tanto os jovens radicais do 'jihadismo' islâmico morrem, como também morrem os jovens militares, os jovens das aldeias e os jovens formados nas vilas atacadas. A maioria dos mortos são jovens", sublinhou.
António Juliasse desafiou, por isso, os jovens de todo o mundo que se encontram em Lisboa a participar na JMJ, a denunciarem esta guerra.
"Ser solidário com Cabo Delgado alivia certamente o sofrimento imediato deste povo que está com muitas necessidades. Mas se os jovens denunciarem e agirem vigorosamente contra a atrocidade das guerras no mundo trarão de volta a esperança e o sonho da vida para todos", disse