O porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas afirmou hoje que Portugal de forma «direta ou indireta sabia das movimentações» do capitão Pansau N'Tchamá.
Corpo do artigo
Em conferência de imprensa em Bissau, o tenente-coronel Daba Na Walna referiu-se ao percurso do capitão Pansau N"Tchamá até à sua captura no sábado, na ilha de Bolama, salientando que o militar esteve entre Portugal e a Gâmbia.
Segundo o porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses, «Portugal não cuidou bem da vigilância ao Pansau», que apareceu em Bissau a liderar um ataque a um quartel militar.
«Como é que um indivíduo que se encontrava em Portugal, com o estatuto que ninguém sabe ao certo se residente ou se exilado político, aparece aqui a atacar um quartel fortificado? Portugal não cuidou bem da vigilância ao Pansau», afirmou Na Walna prometendo mais elementos assim que o capitão for apresentado à justiça militar.
Daba Na Walna disse ainda que o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses Zamora Induta seria o orquestrador do ataque executado por Pansau N'Tchamá e que este contou com cúmplices internos, mas que a operação foi montada no exterior.
A 21 de outubro, o quartel dos para-comandos (uma força de elite do Exército guineense) foi atacado por um grupo de homens que, na versão das autoridades civis e militares, seriam comandados pelo capitão Pansau N'Tchamá.
Do ataque, resultaram seis mortos. O porta-voz do exército disse que essa situação é de lamentar, uma vez que os militares não queriam que ocorressem mais mortes no país.
Questionado pela agência Lusa sobre o facto de, no sábado, a dado momento, o capitão Pansau N'Tchamá ter sido coberto com a bandeira de Portugal por um civil que se encontrava entre a multidão que seguia a sua chegada a Bissau para ser conduzido para uma cele, o porta-voz do Estado-Maior desvalorizou o episódio.
Sobre a possibilidade de políticos estarem envolvidos naquilo que disse ser «uma conjura para decapitar a chefia das Forças Armadas do país e criar confusão no país» para possibilitar o envio de uma força multinacional para a Guiné-Bissau, Daba Na Walna disse que só o tribunal militar poderá esclarecer.