Cheias trágicas em cidade do estado de São Paulo não afetaram tanto como poderiam o comércio, graças à criatividade da população
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Janeiro no Brasil, sobretudo nos estados do sudeste do país, como São Paulo, é quente e chuvoso.
E essas chuvas trazem consequências trágicas, como a morte de dezenas de pessoas, todos os anos, no período do verão.
E também terríveis prejuízos materiais.
Em São Carlos, cidade bem no coração do estado de São Paulo, as enchentes que a chuva trouxe quase arruinaram o negócio de 120 lojas do Mercado Municipal.
Não dá para os comerciantes recuperarem o prejuízo. Mas dá para minimizá-lo, pelo menos.
O comerciante Santo Zacarin, por exemplo, depois de pescar no meio da maré alguns dos pares de sapatos que tinha à venda a 130 reais passou a vendê-los a menos de metade do preço, 60 reais, o equivalente a uns 13, 14 euros.
E os transeuntes, mesmo os que não andavam a precisar de sapatos por esta altura, vendo o desespero dos vendedores desataram a comprar mais por solidariedade do que outra coisa.
De repente, o comércio, apesar das chuvas pavorosas, até teve uma segunda vida que deixou toda a gente relativamente satisfeita - os clientes por compararem sapatos, mesmo um pouco afetados pela água, a metade do preço; os vendedores por terem vendido, se bem que a preços nem sempre compensadores, mais do que esperavam.
Ao fenómeno, a população da cidade deu o nome de Black Enchente, numa improvisada adaptação, claro, da famosa Black Friday.
Esperemos que não mas, quem sabe, talvez vire até tradição de janeiro.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil.