Desde 2013 que uma unidade especial de mulheres arrisca a própria vida para patrulhar a reserva natural de Balule, na África do Sul, e lutar contra a caça furtiva. São as Black Mambas.
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A unidade foi criada pela organização Transfrontier África para proteger a Região Oeste do rio dos Elefantes (África do Sul), da Reserva de Balule, mas o sucesso da operação foi tal que no fim do primeiro ano foi estendida a todos os 400 quilómetros quadrados da reserva. A caça furtiva caiu 75% no raio de ação da unidade, pelo que a estratégia pode vir a ser implementada em mais pontos do país.
A missão destas 26 mulheres consiste na libertação de animais apanhados em armadilhas e na localização de caçadores furtivos. Elas são a linha da frente de uma estratégia que funciona a três níveis: ao localizarem caçadores furtivos as Black Mambas comunicam por rádio com uma unidade armada composta por 23 rangers, que chega rapidamente para deter os criminosos e confiscar material de caça ilegal. Ambas as unidades são coordenadas a partir de um Centro de Operações, que define estratégias e gere as comunicações.
No terreno encontram dois tipos de caçadores furtivos: aldeães pobres, que procuram carne para alimentar a família ou para vender, e organizações criminosas envolvidas no tráfico de corno de rinoceronte para a Ásia, onde é considerado um ingrediente valioso para a medicina tradicional. A procura é tal que levou a que o número de rinocerontes mortos por caçadores passasse de apenas 13 em 2007 para 1215 em 2014.
Todos os dias as mulheres partem às cinco da manhã para patrulhar a reserva natural. O risco que enfrentam é relativo, mas real: podem ser alvo de ataques de caçadores furtivos, ou mesmo dos animais selvagens que protegem com o seu trabalho. Para minimizar esse risco, todas recebem seis semanas de formação e treino intensos, antes de partirem para o terreno.
Todas as recrutas da unidade são oriundas de comunidades locais desfavorecidas, e os seus ordenados são garantidos por um programa público de combate ao desemprego e ao desenvolvimento de competências da África do Sul. No entanto, todos os outros gastos, como uniformes, equipamentos, veículos e combustíveis são financiados através de donativos e financiamento privados.
Outra das competências das Black Mambas é a implementação do Programa de Educação Ambiental Bushbabies, no âmbito do qual as mulheres vão às escolas sensibilizar as crianças para a questão da conservação da vida selvagem, numa tentativa de evitar que recorram à caça furtiva no futuro.
Em 2015, o projeto ganhou a distinção de "Melhor Especialista em Conservação da Natureza do Ano - Prémios de Conservação de Rinocerontes".