O ex-dirigente chinês Bo Xilai negou hoje ter aceitado subornos do empresário Tang Xiaolin, de que está acusado no julgamento que hoje começou em Jinan por corrupção, abuso de poder e má gestão.
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Numa nota do Tribunal colocada no Weibo (conhecido como o Twitter chinês), Bo Xilai sustenta que se tinha declarado anteriormente culpado desse crime «sem querer».
«Não é correto que Tang me tenha dado dinheiro em três ocasiões» como está sustentado na acusação, assinalou Bo Xilai na transcrição revelada pelo Tribunal.
Na declaração, Bo Xilai garante ter «admitido sem querer a acusação de ter aceitado dinheiro em três ocasiões no processo de investigação aberto pelo Comité de Disciplina Interna do Partido» Comunista após a sua queda em desgraça.
«Disse que queria assumir a responsabilidade legal, mas na altura a minha mente estava em branco e desconhecia os detalhes», explicou.
No texto, Bo Xilai manifesta também esperança de que os juízes possam «proceder a um julgamento razoável e justo e sigam os procedimentos legais do país».
Apesar de não ter sido permitida a presença em tribunal da imprensa estrangeira, as imagens difundidas mostram Bo Xilai vestido com uma camisa branca e calças escuras, um homem mais magro e com um ar cansado.
O ex-dirigente vai responder na justiça pelo desvio de 25 milhões de yuan (três milhões de euros) e por entrave ao inquérito criminal da mulher (acusada do homicídio de um britânico, crime na base de um escândalo que abalou o Partido Comunista Chinês), segundo a revista económica Caijing, uma das publicações mais respeitadas na China.
O julgamento, presidido pelo juiz Wang Xuguang deverá prolongar-se por dois dias, mas o veredicto não será conhecido antes de setembro, segundo a televisão estatal CCTV.
O caso Bo Xilai foi despoletado em fevereiro de 2012 quando Wang Lijun, um braço direito do antigo dirigente, pediu asilo político num consulado norte-americano onde admitiu o seu envolvimento no homicídio do empresário britânico Neil Heywood às ordens da mulher de Bo Xilai.