Origem de tanto petróleo espalhado pela costa brasileira é, para já, um mistério.
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O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse esta terça-feira que existem suspeitas de que as manchas de petróleo bruto que apareceram em centenas de praias no nordeste do país tenham sido derramadas "criminosamente".
"É um volume que não está a ser constante. Se fosse de um navio que tivesse afundado estaria a sair óleo ainda. Parece que criminosamente algo foi despejado lá", disse Bolsonaro, ao sair do Palácio da Alvorada, em Brasília, após se reunir com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Apesar de o mandatário já ter declarado que as suas desconfianças recaem sobre um país, Bolsonaro continuou sem referir qual o Estado que suspeita que tenha derramado petróleo em águas brasileiras.
"Não posso acusar um país, não quero gerar um problema com outros países", afirmou Bolsonaro, após ser questionado pela imprensa se o país estrangeiro que estava no radar das autoridades brasileiras era a Venezuela.
O Presidente afirmou ainda que não há um prazo para o fim das investigações e apontou dificuldades em alcançar conclusões.
"A densidade [da substância] é um pouco maior do que a densidade da água salgada. Então, não fica na superfície. Ela fica submersa. Esse é outro problema que estamos a enfrentar", disse Bolsonaro aos jornalistas.
Desde o início de setembro têm surgido manchas de petróleo bruto no litoral nordeste brasileiro, tendo já afetado 132 praias em 61 municípios dos nove estados daquela região. O ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, disse na segunda-feira que, desde o início de setembro, já foram recolhidas mais de 100 toneladas de petróleo bruto na região.
O Governo estadual do Sergipe decretou o estado de emergência nos municípios atingidos pela substância, devido à extensão das manchas. Jair Bolsonaro afirmou na segunda-feira que as manchas de petróleo em causa não pertencem ao Brasil, hipótese que já tinha sido descartada por análises feitas por peritos.
"Nós estamos a investigar, analisar, porque tem um ADN [informação genética]. Por exemplo, não é produzido em nenhum poço brasileiro. E esse óleo também não é comercializado de fora para cá. Então, [temos] uma certeza: não é do Brasil, não é responsabilidade nossa. A análise continua para saber se conseguimos detetar de que país é, da onde veio, qual navio petroleiro que derramou esse óleo lá", declarou Bolsonaro, citado pela imprensa local.
A petrolífera estatal brasileira Petrobras afirma que a substância é petróleo bruto, e que não é compatível com substratos extraídos no Brasil. As praias nordestinas têm sido interditadas a banhistas devido à toxicidade do material, que já matou tartarugas marinhas e aves.
No fim de semana, Bolsonaro ordenou que a Polícia Federal e a Marinha se juntem à investigação dos derrames de petróleo que contaminaram o litoral do nordeste brasileiro nas últimas semanas.