O político de extrema-direita começou a ser investigado a 13 de janeiro por decisão do Supremo Tribunal Federal.
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Jair Bolsonaro, ex-Presidente do Brasil, foi ouvido esta quarta-feira pela Polícia Federal, em Brasília, sobre o ataque de 8 de janeiro e afirmou ter publicado de forma "acidental", dois dias depois, o vídeo que questionava a legitimidade das eleições presidenciais de 2022. O antigo chefe de Estado prestou depoimento no âmbito de uma investigação como suposto instigador dos atos perpetrados por milhares dos seus apoiantes, que invadiram a sede dos Três Poderes, na capital, com o objetivo de derrubar o Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
O político de extrema-direita que estava em Orlando, nos EUA, no dia dos ataques às sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso e do Palácio presidencial do Planalto começou a ser investigado a 13 de janeiro por decisão de um ministro do STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil pediu que Bolsonaro fosse incluído na investigação, mencionando um vídeo que o ex-Presidente publicou nas redes sociais a 10 de janeiro, dois dias depois dos ataques, onde questionava o resultado eleitoral de outubro, quando foi derrotado por Lula nas urnas.
O vídeo reproduzia a declaração de um apoiante de Bolsonaro que dizia que Lula não foi eleito pelo povo, mas sim pelo sistema eleitoral, e questionava - sem provas - a transparência das eleições, repetindo um argumento frequente dos apoiantes de Bolsonaro em 2022.
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"O post foi tão acidental que ele não fez nenhum comentário em cima desse post e apagou logo", argumentou, esta quarta-feira, o advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno.
Ainda segundo o advogado, o ex-Presidente estaria sob efeito de medicamentos quando fez a publicação, já que tinha sido internado pouco tempo antes. O ex-secretário de Comunicação e atual assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse, por sua vez, que o ex-Presidente "repudiou os acontecimentos lamentáveis" de 8 de janeiro na noite dos ataques e "virou a página política" no fim da eleição.
O ex-Presidente do Brasil chegou à sede da polícia num carro com vidros escuros, ficou lá durante mais de duas horas e saiu sem prestar declarações aos jornalistas. No entanto, sabe-se que Bolsonaro tem negado sistematicamente qualquer participação nos ataques em que mais de 1800 pessoas foram detidas.