Bolsonaro reconhece que Sérgio Moro o "ajudou a crescer politicamente"

O trabalho de Sérgio Moro "me ajudou a crescer politicamente". A frase ficou nas entrelinhas da conferência de imprensa dada por Jair Bolsonaro, na noite desta quinta-feira.

O presidente eleito explicava o convite feito a Sérgio Moro para ser ministro da Justiça, semanas depois de se terem cruzado num aeroporto e o juiz o ter cumprimentado de forma seca e rápida, seguindo viagem e deixando Bolsonaro desconcertado e estupefacto.

Agora, Jair Bolsonaro reconhece que Moro vai abdicar de 22 anos de carreira na magistratura, pelo que "lá à frente, tendo um bom sucessor, isso fica aberto para ele". "Isso" é uma nomeação para o Supremo Tribunal Federal, quando algum dos onze juízes da corte suprema da magistratura brasileira se aposentar.

audio TSF\audio\2018\11\noticias\03\03_novembro_2018_o_estado_do_sitio_ricardo_alexandre Ouça aqui, na íntegra, "O Estado Sítio", com Ricardo Alexandre

Para já, Moro ouviu de Bolsonaro a certeza de que vai ter "liberdade total para combater a corrupção e o crime organizado", bem como um ministério equipado com condições para tal. O presidente eleito diz que o Ministério da Justiça "dará todos os meios a Sérgio Moro para perseguir esse objetivo". Quando questionado sobre as críticas do PT à escolha de Sérgio Moro, Bolsonaro foi taxativo: "Se eles estão reclamando, é porque eu fiz a coisa certa".

"É preciso reconhecer o trabalho dele, é um homem que perdeu a liberdade de ir comprar pão na padaria ou ir passear com a família no shopping. Temos de reconhecer o trabalho dele, muito bem feito, inclusive o trabalho anticorrupção feito na operação Lava Jato e no Mensalão me ajudou a crescer politicamente", afirmou o presidente eleito do Brasil, cuja candidatura começou a ser preparada há quatro anos, quando as sondagens não lhe davam mais que 5%.

A 28 de outubro, Jair Bolsonaro derrotou Fernando Haddad com 55% dos votos válidos, nas mais polarizadas eleições da democracia brasileira.