O primeiro-ministro britânico quer "uma nova parceria baseada em cooperação amigável, história, interesses e valores partilhados entre o Reino Unido e a União Europeia".
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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considerou "positivo" o encontro desta quarta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, durante o qual reiterou o desejo de negociar um acordo de comércio que abranja bens e serviços.
Segundo um comunicado emitido após a reunião realizada na tarde desta quarta-feira na residência oficial, em Downing Street, Johnson disse que "deseja uma nova parceria positiva entre o Reino Unido e a União Europeia (UE), baseada em cooperação amigável, história, interesses e valores partilhados", incluindo um acordo de livre comércio que abranja bens e serviços e cooperação em outras áreas.
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O primeiro-ministro britânico terá reiterado que não pretende prolongar o período de implementação para além de 31 de dezembro de 2020 e que qualquer parceria futura não deve envolver nenhum tipo de alinhamento regulatório ou jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça. Porém, também prometeu que o Reino Unido vai continuar a ter padrões elevados em áreas como direitos dos trabalhadores, dos animal, na agricultura e ambiente.
O encontro, o primeiro frente-a-frente desde a entrada em funções da presidente da Comissão Europeia em dezembro, decorreu à porta fechada, e teve a presença do ministro britânico para o 'Brexit', Stephen Barclay, e o negociador da UE, Michel Barnier.
Numa palestra em Londres, a presidente da Comissão Europeia afirmou ser "quase impossível" negociar um acordo pós-Brexit entre o Reino Unido e a UE abrangente até ao final do ano e disse que será preciso "priorizar" os temas a discutir. Ursula Von Der Leyen garantiu que a UE "está pronta para negociar uma nova e abrangente parceria verdadeiramente ambiciosa com o Reino Unido", prometendo "fazer o máximo" e "ir o mais longe" possível. "Mas a verdade", acrescentou, "é que nossa parceria não pode e não será a mesma de antes, e não pode e não será tão próxima como antes".
Sem aderir à liberdade de circulação de pessoas e sem se comprometer ao alinhamento às leis ambientais, laborais, fiscais e sobre ajudas estatais, argumentou, não é possível ao Reino Unido o acesso ao mercado único que permite a circulação de capitais, bens e serviços. "Quanto mais divergência houver, mais distante será a parceria. E sem uma extensão do período de transição para além de 2020, não podemos esperar chegar a um acordo sobre todos os aspetos da nossa nova parceria. Teremos de priorizar", justificou.
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Atualmente em debate na especialidade no parlamento britânico, após o qual terá de ser votado no Parlamento Europeu, o Acordo de Saída do Reino Unido da UE formaliza a saída do Reino Unido em 31 de janeiro, às 23h00 (locais e GMT), após 47 anos como membro.
Inicia-se então um período de transição até 31 de dezembro de 2020, durante o qual os britânicos continuarão a aplicar e a beneficiar das regras europeias, mas sem estarem representados nas instituições europeias nem o direito de intervir nas suas decisões.