Boris Johnson falava no discurso de encerramento do congresso anual do partido Conservador, que decorre desde domingo em Manchester, e onde garantiu que as propostas, que só vão ser apresentadas formalmente mais tarde, são "justas e razoáveis" e que exigem cedências.
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O plano para o Brexit que o Governo britânico vai apresentar estar em Bruxelas é uma "concessão" que também precisa que a União Europeia (UE) faça cedências, afirmou hoje o primeiro-ministro, Boris Johnson.
"Sim, é uma concessão do Reino Unido e espero que os nossos amigos percebam isso e façam concessões do lado deles. Porque, se não conseguirmos um acordo devido ao que é essencialmente uma discussão técnica sobre a natureza exata dos futuros controlos aduaneiros, quando essa tecnologia está a melhorar o tempo todo, então não tenhamos dúvidas sobre qual é a alternativa. A alternativa é uma saída sem acordo. E esse não é o resultado que queremos", disse.
Boris Johnson falava no discurso de encerramento do congresso anual do partido Conservador, que decorre desde domingo em Manchester, e onde garantiu que as propostas, que só vão ser apresentadas formalmente mais tarde, são "justas e razoáveis" e que exigem cedências.
"Vinculados por um processo de consentimento democrático do executivo e da Assembleia da Irlanda do Norte, vamos mais longe em proteger as disposições regulatórias existentes para agricultores e empresas de ambos os lados da fronteira. E, ao mesmo tempo, vamos permitir que todo o Reino Unido saia da UE com controlo sobre a nossa própria política comercial desde o princípio", acrescentou.
O plano do Governo britânico deverá ser apresentado hoje à tarde em mão em Bruxelas pelo representante para as negociações, David Frost, enquanto o conteúdo será discutido mais tarde num telefonema, pelas 16h15 horas (hora de Lisboa), entre Boris Johnson e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Segundo adiantou o jornal Daily Telegraph, o plano do Governo britânico para o Brexit mantém a Irlanda do Norte alinhada com o mercado único europeu durante quatro anos, até ao final de 2024, mas fora da união aduaneira.
Denominada como "duas fronteiras durante quatro anos", a proposta antecipa a possibilidade de o Reino Unido negociar um acordo de comércio livre com a UE até ao final de 2020, mas a Irlanda do Norte teria a possibilidade de ficar alinhada com o mercado único durante mais tempo.
Segundo o jornal, a província britânica permaneceria sujeita à maioria das regras europeias para produtos agroalimentares e industriais, cujo controlo aduaneiro seria feito por meios tecnológicos, facilitando a circulação entre a Irlanda, na única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE.
Após quatro anos, a Assembleia autónoma da Irlanda do Norte terá um direito de veto sobre este acordo, ou se passa a seguir as regras britânicas.
Entretanto, devido às diferenças em termos regulatórios, alguns produtos também teriam de ser submetidos a controlos na circulação entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido.
Johnson reiterou a determinação em implementar o Brexit até 31 de outubro porque considera que as pessoas sentem-se "enganadas" pelas manobras de bloqueio ou adiamento do processo.
"Elas começam a suspeitar a suspeitar que existem forças neste país que simplesmente não querem que o Brexit seja concluído. E se eles estiverem certos nessa suspeita, acredito que haverá graves consequências para a confiança na democracia", argumentou.
O sucessor de Theresa May está convencido que tanto os adeptos da saída da UE como os adeptos da permanência querem "seguir em frente de forma calma e sensata" e que estão "desesperados" para que o país se concentre noutras prioridades.
O discurso de Boris Johnson coincidiu com a hora do debate semanal com os deputados no parlamento, às 12h00 horas, no qual foi representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab.
Normalmente, a Câmara dos Comuns interrompe os trabalhos durante os dias do congresso do partido Conservador, mas a proposta foi chumbada em represália à suspensão ilegal do parlamento.