Josep Borrell admite que “haverá uma diferença” na relação com os EUA, “dependendo de quem estiver [na Casa Branca]”
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O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, reconhece que o futuro da relação transatlântica “depende” de quem vier a ser o futuro Presidente dos Estados Unidos.
Ao falar à entrada para a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, que decorre esta segunda-feira, em Bruxelas, Josep Borrell saudou a relação desenvolvida com Joe Biden, nos anos em que este liderou a Casa Branca, dizendo que respeita a sua decisão agora que vai afastar-se da corrida a um segundo mandato como Presidente dos Estados Unidos.
“Trabalhámos muito bem com o Presidente Biden”, afirmou Borrell, a propósito de Joe Biden, com quem diz ter construído “uma relação muito positiva”.
“Mas se o Presidente Biden decide retirar-se, por considerar que outro candidato possa ter mais força para ganhar as eleições para o partido democrata, nós respeitamos a decisão”, sublinhou, deixando implícita a sua expectativa relativamente a quem vier a liderar a Casa Branca e ao impacto sobre a relação entre a Europa e os Estados Unidos.
“Tenho a certeza de que haverá uma diferença bastante importante para a relação transatlântica, dependendo de quem lá estiver”, admitiu Josep Borrell, lembrando que “cabe aos cidadãos dos EUA decidir” e que “não quer interferir” nesse assunto.
Na reunião em que Portugal está representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, Josep Borrell vai apelar aos Estados-membros para contribuírem com “mais apoio para a Ucrânia”, revelando que vai solicitar a entrega de equipamentos “para reconstruir e substituir a rede elétrica com mais geradores de energia”, além de equipamentos para a “defesa aérea”.
Ainda sobre a guerra na Ucrânia, Borrell disse que vão debater a recente iniciativa do chefe do governo húngaro, Viktor Orbán, e a sua suposta “missão de paz”, assim como a sequência de acontecimentos após a visita de Orbán a Moscovo. “Imediatamente após a visita do primeiro-ministro Orbán a Kiev e a Putin em Moscovo, um hospital infantil foi destruído [na Ucrânia]”, lembrou Borrell.
Outro tema da agenda será a atual situação “insuportável” na Faixa de Gaza. Borrell quer que o tema seja debatido entre os 27.
“O que estamos a assistir em Gaza é uma catástrofe humanitária, causada pelo homem, de dimensões insuportáveis: 17 mil órfãos, quase 40 mil pessoas mortas”, lamentou o chefe da diplomacia europeia, enfatizando que “para reconstruir Gaza, serão necessários dez anos para remover os escombros e, infelizmente, o cessar-fogo que o presidente Biden tem proposto não está a ocorrer”.