Os dois partidos mantêm-se inflexíveis nas suas posições: Sánchez quer governar sozinho e Iglesias exige um governo de coligação.
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Cinco reuniões e cinco fracassos. Pedro Sánchez e Pablo Iglesias continuam sem chegar a acordo para a formação de governo, mais de dois meses depois das legislativas. Sánchez quer governar sozinho com o apoio do Podemos, mas Pablo Iglesias continua a exigir um governo de coligação. Se o bloqueio se mantiver, Espanha poderá ter de voltar às urnas já em novembro.
Esta terça-feira, depois do último encontro entre os dois líderes, Pablo Iglesias voltou a pressionar o líder socialista. "A ideia de que o governo tem que ser só do Partido Socialista, de partido único, vai em direção contrária ao que votou a cidadania e acho que, mais cedo ou mais tarde, vão retificar", disse.
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Os discursos subiram de tom nos últimos dias, com acusações de parte a parte. Esta terça-feira, depois da reunião, a número dois do PSOE, Adriana Lastra, acusou o Podemos de falta de lealdade e de querer apenas lugares no conselho de ministros.
"Nestes últimos dias tivemos que ouvir como voltaram a pôr na boca do presidente palavras e compromissos que não existiram. Disseram que o presidente lhes fez uma proposta de ministérios que nunca aconteceu. Entendemos que sobrepõe os nomes para formar um governo às políticas a desenvolver. E se não é verdade que estão interessados apenas nos assentos do Conselho de Ministros, que se sentem a negociar connosco", explicou Lastra.
O PSOE acusa Pablo Iglesias de ter pedido a vice-presidência do Governo, mas o Podemos nega ter pedido cargos específicos. Os dois partidos estão cada vez mais de costas voltadas e a investidura continua a ser uma incógnita.
O Partido Popular e o Ciudadanos já anunciaram que vão votar contra a investidura de Sánchez pelo que, à direita, o PSOE não tem qualquer apoio. Albert Rivera nem sequer aceitou reunir-se com Pedro Sánchez. Pablo Casado, o líder do PP, reuniu-se com Sánchez esta terça-feira para lhe repetir que pode colaborar com o Governo em determinados pactos de Estado, mas nunca irá viabilizar uma investidura socialista.
"Nós não vamos aceitar nenhuma fórmula para facilitar a investidura. Não faz sentido que o principal partido da oposição viabilize a investidura. Mas talvez haja partidos que sim, ou talvez o Podemos possa explicar se chegaram a um pacto de legislatura para além de decidir quem vai ser o vice-presidente ou quantos ministérios têm", disse Casado à saída.
A votação está marcada para dia 23 de julho e sem o apoio dos 42 deputados do Podemos é impossível que Sánchez consiga a maioria absoluta necessária à investidura. Se não conseguir o apoio do Congresso, será organizada uma segunda votação, dois dias depois, na qual precisa apenas de maioria simples.
Caso se mantenha o bloqueio, Sánchez terá de esperar até setembro para repetir a sessão de investidura e tentar melhor sorte. Se todos os cenários fracassarem, Espanha terá outra vez eleições antecipadas em novembro. Seriam as quartas em apenas quatro anos.