Na cidade de São Paulo, onde esteve a reportagem da TSF, os consumidores já não querem bife no prato.
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Às compras no supermercado do seu bairro, Dona Regina conta que ela e o marido já andavam a evitar carne mas desde que na semana passada deflagrou a Operação Carne Fraca é mesmo só ovo, legumes e pouco mais.
Adriana, dona de casa, esvaziou o congelador de raiva porque não se permite dar carne às duas filhas pequenas.
Lúcia não pode nem ouvir falar em linguiça que lhe dá voltas ao estômago.
Às vésperas de mais um sábado - dia nacional do churrasco no Brasil - os brasileiros pensam duas, três, quatro vezes antes de assar a picanha, a fraldinha, a calabresa ou a asa de frango.
A Operação Carne Fraca da polícia federal que investiga corrupção em fiscais sanitários e consequente adulteração de lotes de carne deixou o Brasil em choque.
A começar por Michel Temer, que considerou a Operação Carne Fraca "um embaraço". Mas o presidente da República quis dar nomes aos bois: sublinhou que os corruptos são 33 num universo de 11 mil fiscais e que as empresas sob investigação são 21 num total de quatro mil.
O Ministério da Agricultura e responsáveis do setor classificaram mesmo a Operação Carne Fraca de "populismo policial".
As duas maiores empresas envolvidas, os gigantes globais JBS e BRF, têm enchido o horário nobre da TV Globo com comunicados e spots de imagens de funcionários sorridentes a embalar carne protegidos com luvas e gorros.
A imprensa chama-lhe "Operação Abafa", isto é, a tentativa de abafar os efeitos da Operação Carne Fraca.
Que não está a resultar: as exportações atingiram mínimos recorde nos últimos dias; além das restrições conhecidas da União Europeia, clientes importantes, como Hong Kong ou China, retiraram a carne brasileira dos seus supermercados. O prejuízo financeiro é, segundo o governo, incalculável.
O prejuízo social de tirar o sossego do tradicional churrasco de sábado ao brasileiro comum também.
O Brasil produz 20% da carne mundial.