A conclusão é de um relatório da comissão de inquérito da Câmara de São Paulo e cujos resultados são divulgados esta terça-feira. O documento vai ser enviado para a Comissão Nacional da Verdade para que seja declarado oficialmente o assassinato do fundador de Brasilia.
Corpo do artigo
Na versão oficial da época, Juscelino Kubitschek morreu vítima de um acidente de automóvel na estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Mas a história oficial estará mal contada.
O relatório, que será divulgado esta terça-feira, contém mais de 90 provas e indícios que apontam para o assassínio de Kubitschek pela ditadura militar.
[youtube:wD4BYPDhqDM]
A comissão que investigou o caso também ouviu várias testemunhas. Por exemplo, o condutor do autocarro que chocou com o automóvel onde seguia o ex-presidente afirma que lhe ofereceram dinheiro para assumir a responsabilidade no acidente. Se não aceitasse a proposta seria espancado.
[youtube:t2xI0Ox5EJQ]
Outra testemunha garante ter visto um buraco provocado por uma bala na cabeça do motorista de Kubitschek durante uma exumação em 1996. O secretário particular de Kubitschek contou à comissão que o ex-presidente lhe disse diversas vezes que o queriam matar.
Na segunda-feira, o presidente da comissão revelou que vários documentos confirmam as versões das testemunhas e acrescentou que foram descobertos relatórios falsos, erros processuais e várias falhas nas pericias.
De acordo com este responsável, não há espaço para dúvidas: o presidente que transferiu a capital brasileira do Rio de Janeiro para Brasilia foi mais uma vítima da ditadura militar.
As conclusões do relatório vão ser enviadas para a Comissão Nacional da Verdade para que seja declarado oficialmente o assassinato do fundador de Brasilia.
Na altura da sua morte, em agosto de 1976, Juscelino Kubitschek tinha recuperado há pouco tempo os direitos politicos que os militares lhe retiraram. Era considerado pela ditadura um inimigo dos militares e uma ameaça à estabilidade política.
No mesmo ano, morreu outro ex-presidente brasileiro. João Goulart morreu no exilio na Argentina. As autoridades estão também a investigar este caso. As conclusões devem ser conhecidas em Maio do próximo ano.