Jair Bolsonaro afirmou que manterá o comércio com o Irão.
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O Governo do Brasil instruiu diplomatas do país a não comparecerem em qualquer cerimónia de homenagem ao general iraniano Qassem Soleimani, morto pelas forças dos Estados Unidos da América (EUA) no Iraque, informou esta terça-feira a imprensa brasileira.
Numa circular telegráfica obtida pelo jornal Folha de S.Paulo, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro pediu aos diplomatas para "não comparecer a nenhuma cerimónia em memória do general Qassem Soleimani, ex-comandante da Força Quds iraniana, e de Abu Mahdi al-Muhandas, ex-chefe da milícia Hizbullah, nem assinar livro de condolências em suas homenagens".
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou esta terça-feira de manhã que manterá o comércio com o Irão, mas garantiu que irá reunir-se com o seu ministro das Relações Exteriores para discutir o pedido de explicações por parte do país do Médio Oriente.
"Temos comércio com o Irão e vamos continuar com este comércio", declarou à imprensa o chefe de Estado, Jair Bolsonaro, à saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.
O Irão pediu, no domingo, explicações ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil sobre o posicionamento do país, que manifestou apoio ao Governo dos EUA após a morte do general iraniano. Maria Cristina Lopes, encarregada de negócios da embaixada do Brasil em Teerão, capital do Irão, já se reuniu com representantes do Governo iraniano, mas o teor da conversa não foi revelado.
Num comunicado divulgado na sexta-feira pelo Itamaraty (como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores do Brasil) defendeu a "luta contra o flagelo do terrorismo", após um ataque dos EUA em Bagdad, capital do Iraque, matou o general iraniano Qassem Soleiman.
"O Governo brasileiro manifesta o seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo", referiu o Itamaraty.
O executivo liderado por Jair Bolsonaro, forte aliado do Presidente norte-americano, Donald Trump, sublinhou que "o terrorismo não pode ser considerado um problema restrito ao Médio Oriente e aos países desenvolvidos".
Assim, defendeu, o "Brasil não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul".
"O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive o seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas", referiu ainda.
No comunicado, o Itamaraty pediu igualmente respeito pela Convenção de Viena, na sequência do ataque inédito à embaixada dos EUA em Bagdad, e pela "integridade dos agentes diplomáticos dos EUA reconhecidos pelo Governo iraquiano presentes naquele país".
Qassem Soleiman, figura-chave da crescente influência iraniana no Médio Oriente, foi morto na sexta-feira num ataque dos EUA com um 'drone' (aparelho aéreo não tripulado), em Bagdad, juntamente com o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque Hachd al-Chaab, Abu Mehdi al-Muhandis, e outras seis pessoas.
O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas - Rússia, França, Reino Unido, China e EUA - mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares.
Os Estados Unidos da América abandonaram o acordo em maio de 2018.