Principais aeroportos deverão parar ou ter graves congestionamentos. Protesto também espera atingir outros setores como os transportes terrestres, a educação, o comércio e serviços.
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É a primeira tentativa de voltar a parar o país em 21 anos. A última foi em 1996, contra as políticas de privatização, flexibilização do trabalho e desemprego, durante o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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Mais de duas décadas depois, a convocatória que juntou as principais centrais sindicais brasileiras contesta o pacote de medidas do governo de Michel Temer. O executivo enfrenta, aliás, níveis de desaprovação gigantes, com apenas 4% dos brasileiros a considerarem o governo bom e 92% da população convicta que o país segue no sentido errado - segundo sondagem da consultora Ipsos, revelada esta semana.
Os principais alvos da paralisação desta sexta-feira são parte fundamental das propostas de Temer para as mudanças que pretende aplicar no país. A reforma do trabalho, já em fase de votação no Congresso, e a reforma da segurança social, ainda a ser negociada entre o governo e a base aliada.
Segundo Ismael Cesar, dirigente da CUT, a maior central sindical do país, "a partir do impeachment da presidente Dilma, o governo de Michel Temer tem aceitado uma série de reformas na constituição e nas leis trabalhistas do país que atentam contra os direitos dos trabalhadores do Brasil". Como exemplo, Ismael cita o projeto-lei já aprovado que prevê o congelamento dos investimentos públicos durante duas décadas e avisa "agora pode estar em causa até o direito à reforma".
Apesar da multiplicação de mensagens e comentários nas redes sociais nos últimos dias, num país com a dimensão do Brasil será preciso esperar até ao final desta sexta-feira para avaliar qual foi a adesão dos trabalhadores.
Para a CUT a expectativa é muito positiva. "Esperamos fazer um grande dia de mobilização social, como nunca foi feito na história do país, esperamos que parte considerável da classe trabalhadora pare". Professores, bancários, motoristas, metalúrgicos, petroleiros são algumas das categorias que garantiram fazer greve em vários dos 27 Estados brasileiros.
Ismael assegura ainda que se se confirmar a paralisação nos aeroportos de São Paulo, Campinas, Brasília e Porto Alegre "vamos ter em toda a malha aérea do Brasil uma situação de colapso". Também os trabalhadores do metro prometeram fechar portas no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e Porto Alegre.
No setor público, além de vários serviços administrativos, os correios deverão encerrar e suspender toda a correspondência. Já no setor privado, sem enumerar quais, o dirigente da CUT refere que uma série de atividades decidiram aderir ao protesto. Também a igreja está a favor da paralisação, vários arcebispos têm até ajudado na convocatória de fiéis para que participem na greve.