Bolsonaro dá carta branca a Moro para decidir como quer combater corrupção e crime organizado
O Presidente eleito do Brasil garantiu esta quinta-feira que não vai interferir na Justiça. Bolsonaro confirmou também a intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel de telavive para Jerusalém.
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O Presidente brasileiro eleito Jair Bolsonaro afirmou esta quinta-feira ter concordado a "100%" com os pedidos do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça, entre os quais "liberdade total" para combater a corrupção e o crime organizado.
"Conversamos por uns 40 minutos e ele [Moro] expôs o que pretende fazer caso seja ministro e eu concordei a 100% do que ele propôs. Ele queria liberdade total para combater a corrupção e o crime organizado, e um ministério com poderes para tal", disse Jair Bolsonaro à imprensa brasileira.
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O recém-eleito Presidente disse ainda que Moro "vai ser um ministro importante. Qualquer pessoa que apareça no noticiário policial vai ser investigada e não terá qualquer interferência da minha pessoa", acrescentou.
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Nesta conferência de imprensa, Bolsonaro também falou sobre a eventual fusão das pastas Ambiente e Agricultura. O presidente eleito disse estar disponível para voltar atrás na ideia de fusão destes ministérios depois de algumas críticas do sector rural.
No plano da política internacional o recém-eleito Presidente do Brasil confirmou a sua intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel da cidade de Telavive para Jerusalém.
"Como declarado durante a campanha, pretendemos transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos", afirmou Bolsonaro na sua conta na rede social Twitter.
Mais tarde, em conferência de imprensa, Bolsonaro lembrou que a eleição de uma capital é uma questão de soberania de um país e nenhum outro tem que interferir nessa decisão.
"Quem decide a capital é o país. Se o Brasil a levou (a capital) do Rio de Janeiro para Brasília, foi o Brasil. Não vejo problema. Temos todo o respeito por Israel e pelo povo árabe. Aqui todo o mundo convive sem problemas", assegurou o Presidente eleito, que assumirá o cargo no próximo dia 01 de janeiro.
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Bolsonaro disse ainda que o seu executivo está comprometido em "resolver problemas" de maneira pacífica e que não quer "gerar problemas" que "compliquem as negociações com o mundo inteiro".
O político da extrema-direita, um nostálgico da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985, também se referiu à proximidade do Palácio Presidencial do Planalto com a Embaixada da Palestina em Brasília. "Isso não deveria ser assim, por razões de segurança", disse Jair Bolsonaro sem especificar os seus receios.
Se a transferência da embaixada se confirmar, a decisão seria uma rutura em relação à tradição diplomática mantida durante anos pelo Brasil no conflito entre Israel e a Palestina. O Brasil mantém relações diplomáticas com Israel desde 1949 e reconheceu o Estado da Palestina em 2010.
Bolsonaro seguiria assim os passos do Presidente dos EUA, Donald Trump, que anunciou em dezembro de 2017 a transferência para Jerusalém da embaixada norte-americana e também a reconheceu como capital de Israel.
Também o Paraguai e Guatemala mudaram as suas respetivas embaixadas, embora o Paraguai tenha depois voltado atrás e reinstalado a sua representação diplomática em Telavive.