Brexit: Antiga secretária de Estado abandona campanha pela saída por promover "ódio"
No início da semana de todas as decisões no Reino Unido, as sondagens mostram empate técnico. No governo, há um aparente cerrar de fileiras.
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A antiga secretária de Estado do Reino Unido Sayeeda Warsi anunciou que deixou de apoiar a campanha pela saída da União Europeia (UE), por considerar que promove o "ódio e a xenofobia".
Sayeeda Warsi, a primeira mulher muçulmana a integrar um Governo britânico, disse ao jornal The Times que decidiu "deixar a saída" devido a um cartaz, uma imagem de migrantes e refugiados a fazerem fila na fronteira na Eslovénia com a legenda 'Ponto de rutura', divulgado pelo líder do partido UKIP, anti-UE, Nigel Farage, na semana passada.
"O cartaz 'Ponto de rutura' foi, realmente, para mim, o ponto de rutura, que me levou a dizer 'Não posso continuar a apoiar isto'", disse Warsi.
"Estamos preparados para dizer mentiras, espalhar o ódio e a xenofobia apenas para ganhar uma campanha? Para mim isso é ir longe demais", sublinhou.
Críticas à estratégia da campanha pela saída da UE intensificaram-se após o assassinato, na semana passada, da deputada Jo Cox, que apoiava a permanência do Reino Unido no bloco europeu e defendia os direitos dos refugiados.
Quando instado a dizer o seu nome em tribunal, o alegado assassino, Thomas Mair, respondeu: "Morte aos traidores, liberdade para o Reino Unido".
O ministro das Finanças, George Osborne, classificou o cartaz de "nojento e vil" e disse que "faz eco da literatura usada nos anos 1930".
No entanto, Farage afastou qualquer intenção de provocar sentimentos de ódio: "Quando se desafia o sistema neste país, vêm atrás de nós, chamam-nos todo o tipo de coisas".
Warsi era secretária de Estado no Ministério dos Negócios Estrangeiros no Governo de David Cameron quando se demitiu em protesto contra as políticas do Executivo em relação ao conflito Israel-Gaza em 2014.