Brexit foi há cinco anos. Sondagens sugerem maioria favorável à reintegração do Reino Unido na UE
Em declarações à TSF, o conselheiro permanente das comunidades portuguesas, António Cunha, afirma que os britânicos "sabem que fizeram mal e sabem que foi uma má opção"
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Apenas cinco anos depois do Brexit, as sondagens mais recentes sugerem que a maioria dos britânicos votaria a favor da reintegração do Reino Unido na União Europeia (UE). Uma sondagem da empresa YouGov publicada esta semana revela que 55% das pessoas inquiridas apoiariam uma "readesão", contra 43% que continuam determinados em permanecer fora da UE e 12% que se manifestaram indecisos sobre o assunto.
Uma maioria ainda maior (64%) é favorável a uma relação mais próxima do país com os 27 do bloco europeu, com a reintegração no mercado único europeu (50%) e na união aduaneira (48%) a reunirem também um apoio expressivo.
No geral, apenas 30% dos 2225 inquiridos responderam que o país fez bem ao votar no Brexit, o valor mais baixo de sempre no barómetro da YouGov, contra 55% que consideram a saída da UE um erro.
Em declarações à TSF, o conselheiro permanente das comunidades portuguesas, António Cunha, confessa que não está surpreendido com estes resultados. "Em várias reuniões que tenho tido com câmaras locais apontam mesmo para isso, porque não há outra alternativa, mesmo a nível de produtos e de mão de obra é difícil. Há produtos que estavam habituados a usar e hoje, chega-se à prateleira, e não existem. Eles sabem que fizeram mal, eles sabem que foi uma má opção", explica à TSF António Cunha.
Os resultados desta sondagem estão alinhados com os de outras pesquisas de opinião realizadas nos últimos meses, que apontam para uma média de 56% de apoio à reintegração, de acordo com o site “What UK Thinks: EU”.
A probabilidade de um terceiro referendo sobre a relação do Reino Unido com a UE - o primeiro, em 1975, determinou a permanência do país nas Comunidades Europeias - é, atualmente, reduzida.
Nenhum partido político britânico defende uma nova consulta popular, com receio de reabrir um debate que dividiu o país e famílias durante anos.
Nas eleições legislativas de julho passado, apenas os Verdes fizeram campanha por uma reintegração na UE, mas só elegeram quatro deputados num total de 650, pelo que o poder de influência é reduzido.
Para o assunto voltar ao topo da agenda, será necessário que um dos principais partidos políticos assuma este tema como uma prioridade, mas o Partido Trabalhista, no poder, descartou a reversão do Brexit.
Um eventual regresso pode demorar décadas, admitiu o professor de Ciência Política e Estudos Internacionais da Universidade Aberta britânica, Simon Usherwood, em declarações à agência Lusa.
"Ironicamente, penso que talvez seja necessário esperar uma mudança geracional no Partido Conservador", revelou.
Recordando que foi durante governos conservadores que o país entrou e saiu da UE, Usherwood acredita que os 'tories' (conservadores) terão de evoluir da atual liderança eurocética para uma atitude mais pró-europeia para, frisou, “podermos efetivamente dar passos substanciais em frente".
Às 23h00 (a mesma hora em Portugal) do dia 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido deixou de ser um Estado-membro da UE. Nesse momento, entrou em vigor o chamado “Acordo de Saída”, garantindo uma saída ordenada do país da UE, e iniciou-se um período transitório, que terminou no dia 31 de dezembro de 2020.
