Os Portugueses que vivem no leste de Inglaterra expressaram hoje grande preocupação com uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia.
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Ana Gomes diz que "as pessoas estão muito inquietas, muito preocupadas, porque não sabem o que lhes vai acontecer", disse a socialista, contactada pela Lusa, telefonicamente, a partir de Lisboa, após um encontro com "cerca de 100 pessoas" da comunidade portuguesa no condado de Norfolk, que integrará cerca de 3.000 pessoas.
O encontro decorreu no café Heróis do Mar, em Great Yarmouth, "uma espécie de centro comunitário da comunidade portuguesa", e a preocupação, segundo Ana Gomes, resulta do facto de os portugueses verem que "o sentido mobilizador da campanha dos que defendem a saída da Grã-Bretanha é, no fundo, um sentimento anti-estrangeiro e mesmo racista".
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Aqueles portugueses, "bem enquadrados" e que gostam de viver no Reino Unido, "sabem que isso [a saída] pode ter implicações dramáticas para as suas vidas", e fizeram "muitas perguntas", quer a Ana Gomes, quer ao seu colega, o trabalhista Richard Howitt, que acompanha, neste programa de campanha contra a saída.
"Querem respostas, mas nem o governo português, nem o britânico, nem as autoridades europeias estão em medida de as dar, porque ninguém sabe ao certo as consequências que resultariam de um 'Brexit'", disse a eurodeputada à agência Lusa.
Ana Gomes disse ainda que muitos dos portugueses não podem votar no referendo, que se realiza na quinta-feira, mas "todos [com quem a eurodeputada falou] disseram que, nestes últimos dias, vão falar com conhecidos, vizinhos e amigos para os tentarem persuadir a não aceitarem os argumentos dos que preferem a saída".
"É preciso trabalhar até ao último momento", para que o Reino Unido permaneça na UE e para "não abrir este alçapão para o abismo que seria um 'Brexit'", defendeu a eurodeputada socialista, que participa ainda hoje num debate com apoiantes da saída e tem previstos, para segunda-feira, contactos com a imprensa britânica.
A campanha para o referendo recomeçou hoje, após uma suspensão de três dias, devido ao assassínio, na quinta-feira, da deputada trabalhista pró-europeia Jo Cox, de 41 anos.