Donald Tusk defende eleições europeias no Reino Unido, no caso de uma extensão prolongada.
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Pela primeira vez, o presidente do Conselho Europeu sugere de forma clara para que lado deve girar o leme do Brexit. Donald Tusk dirigiu-se, esta quarta-feira, aos eurodeputados, afirmando que os apelos à permanência na União Europeia ou à realização de um novo referendo não podem ser ignorados.
"Vocês não podem trair os seis milhões de pessoas que assinaram a petição para revogar o artigo 50. [Ou] um milhão de pessoas que desfilaram por um novo referendo, ou a maioria crescente de pessoas que querem permanecer na União Europeia", afirmou Donald Tusk.
A afirmação de Donald Tusk era também um recado para quem, no Parlamento Europeu, se opôs à realização de eleições europeias no Reino Unido, no caso de uma extensão além da data de 23 de maio.
"Deixem-me ser claro: esse pensamento é inaceitável", afirmou o presidente do Conselho Europeu, lembrando que "antes da cimeira, disse que deveríamos estar abertos a uma extensão longa, se o Reino Unido quisesse repensar a sua estratégia para o Brexit, - o que, obviamente, significa a participação do Reino Unido nas eleições para o Parlamento Europeu".
Tusk lamentou que houvesse "vozes a dizer que isso poderia ser perigoso ou inconveniente, na perspetiva de alguns [os eurodeputados]". O polaco defendeu também que os subscritores da petição que pretende cancelar a saída do Reino Unido da União Europeia devem ter quem os represente no bloco europeu.
"Eles podem sentir que não estão suficientemente representados pelo Parlamento Britânico. Mas eles têm de se sentir representados pela União Europeia neste Parlamento. Porque eles são europeus", vincou Tusk, durante uma audição na sessão plenária de Estrasburgo em que se discutiam os resultados da mais recente cimeira europeia, na qual foi amplamente debatida a relação da União Europeia com a China.
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Esfinge
Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, que tinha acabado de comparar o debate sobre a China, com o debate sobre "a Grã-Bretanha", considerando o primeiro "mais simples", fez ainda uma outra irónica comparação.
"Se eu comparar o Reino Unido com uma esfinge, a esfinge parece-me um livro aberto", ironizou Juncker, esperando que "esta semana" se veja "como esse livro começa a falar". "Vamos ver quando chegar a hora."
Referendo
O negociador da União Europeia, Michel Barnier, frisou que têm mantido uma atitude de respeito, pela "decisão soberana de uma maioria dos cidadãos britânicos", a falar diretamente para o deputado britânico, Nigel Farage, que tem sido o principal rosto do Brexit no Parlamento Europeu.
"Há dois anos que trabalho com o mesmo respeito pelo Reino Unido. Tenho admiração pelo vosso país, pela sua história, pela sua cultura, por uma série de homens e mulheres que dirigiram o país ao longo da história, sem nunca esquecer a vossa a solidariedade connosco nas horas mais sombrias do século XX. E, nessa lógica de respeito, respeitamos a decisão soberana de uma maioria dos cidadãos britânicos, mesmo que a lamentemos. Senhor Farage, ninguém em Bruxelas quer roubar o 'Brexit' e destronar o voto do povo britânico", disse.
"Em nenhum momento, ao longo destes dois últimos anos, em nenhum segundo, houve na nossa atitude e na minha atitude o mínimo traço de vontade de humilhação ou de vingança sobre o Reino Unido, pelo contrário", garantiu Barnier.
Notícia atualizada às 12h22