Bill Browder, o empresário que se tornou ativista e inimigo do presidente russo, revela à TSF que está a tentar uma troca de prisioneiros para libertar Vladimir Kara-Murza.
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Quatro dias depois do anúncio da morte de Alexei Navalny, as atenções dos opositores no estrangeiro voltam-se para um outro preso politico. Vladmir Kara-Murza, de 41 anos, tem dupla nacionalidade britânica e russa e foi, no ano passado, condenado a 25 anos de prisão. O antigo historiador e jornalista é agora o mais conhecido preso político nas cadeias de Putin.
Apesar de já ter sofrido duas tentativas de envenenamento, aquele que foi o braço direito de Boris Nemtsov, decidiu, tal como Navalny, regressar à Rússia para continuar o trabalho a favor da democracia e direitos humanos. Os amigos, como Bill Browder, pediram-lhe para não voltar, mas ele defendeu que não podia continuar a luta pela liberdade estando fora do país.
Kara-Murza foi detido em abril de 2022. Uma das acusações, a de traição, está relacionada com um discurso que fez em Lisboa na assembleia parlamentar da NATO.
Em entrevista à TSF, Bill Browder admite que as semelhanças com Navalny são bem visíveis: "O meu amigo Vladimir Kara-Murza é também um opositor russo, também foi preso, também foi condenado a uma pena pesada, também foi envenenado antes de ser detido e está na solitária. Basicamente ele é o próximo na lista de alvos e estou, é claro que estou, aterrorizado."
Tal como Navalny, Kara-Murza tem sequelas das duas tentativas de envenenamento e tem-lhe sido recusada assistência médica. O estado de saúde tem-se agravado desde a detenção. O empresário britânico diz que o amigo não vai aguentar dois anos na cadeia, quanto mais 25, e por isso é urgente libertá-lo.
Bill Browder revelou que está a elaborar um plano que foi bem recebido na Conferência de Segurança que no fim de semana passado se realizou em Munique. "Estou a trabalhar intensamente num projeto para tentar que seja libertado através de uma troca de prisioneiros. Em Munique, reuni-me com vários ministros dos negócios estrangeiros e apresentei-lhes o plano, muitos deles ficaram entusiasmados e por isso tenho a esperança de que em breve possamos evitar que ele tenha o mesmo destino de Alexei Navalny", explicou o britânico que não quis avançar mais informações.