Bom desempenho “não significa um regresso à normalidade”, mas “um regresso à austeridade (...) seria um erro terrível”, sublinha o comissário
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O vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta económica, Valdis Dombrovskis, saudou, esta quarta-feira, o desempenho económico de Portugal, classificando-o como “impressionante”, após um período de crise.
“De facto, a conclusão é que Portugal já não enfrenta desequilíbrios, o que está relacionado, embora não exclusivamente, ao forte desempenho orçamental do país”, referiu Dombrovskis.
“Congratulamos Portugal pelo impressionante desempenho económico na resolução dos desequilíbrios”, comentou o comissário, destacando a situação orçamental positiva.
“Portugal está, na verdade, a ter um excedente orçamental, o que não é frequente, como sabemos, e a relação entre dívida e PIB está a diminuir rapidamente”, salientou, acrescentando que Bruxelas prevê que, “no próximo ano, a dívida pública seja cerca de 91,5% do PIB, quando a posição inicial era bem superior a 100% do PIB”.
“Assim, concluímos que o atual desempenho orçamental e económico de Portugal permite afirmar que não existem desequilíbrios”, sublinhou Dombrovskis.
Esta quarta-feira, no Pacote de Recomendações Específicas por País, a Comissão Europeia considerou que “houve um progresso significativo” na redução das vulnerabilidades da economia portuguesa. Por essa razão, considera que “Portugal não apresenta mais desequilíbrios macroeconómicos”.
“Houve progresso significativo na redução das vulnerabilidades relacionadas com as elevadas dívidas privada, governamental e externa, que continuam a recuar”, destaca a Comissão Europeia, referindo que há uma melhoria relativa à dívida pública e privada, que “retomaram a trajetória descendente desde 2021”, devido a “um forte crescimento do PIB” e - no caso da dívida do Estado -, “a um recente superavit orçamental”.
Por sua vez, o comissário da Economia, Paolo Gentiloni, alertou que a atual situação económica não significa um “regresso à normalidade”, considerando, por outro lado, que insistir na austeridade também “seria um erro”, que chega a classificar como “terrível”.
“Estamos a sair de quase quatro anos de [suspensão de disciplina orçamental, a chamada] cláusula de escape geral e, por essa razão, as nossas políticas económicas e orçamentais entram agora num novo ciclo”, referiu.
“Isto não significa um regresso à normalidade, pois não estamos a viver tempos normais”, destacou Gentiloni, vincando que “também não significa um regresso à austeridade, pois isso seria um erro terrível”.