O porta-voz da presidente Von der Leyen pede que se perceba que vai ser preciso tempo até haver uma solução adequada. Por agora garante que a Comissão vai elaborar "um plano de acção e um roteiro" para resolver à crise do novo coronavírus.
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A Comissão Europeia afirma-se satisfeita solidariedade que os Estados-membros "estão a demonstrar".
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O porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, considerou esta sexta-feira que há "solidariedade" entre os Estados-Membros das União Europeia, apesar das críticas dirigidas pelos governos dos países esmagados pela crise do novo coronavírus,.
"Penso que os Estados-membros estão a demonstrar solidariedade. Temos visto muitos exemplos tangíveis de isso. E que serão ainda mais tangíveis, tal como a União Europeia está a demonstrar solidariedade com outras regiões do mundo que estão a enfrentar a mesma crise que nós estamos", afirmou o porta-voz.
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Questionado sobre as críticas que foram dirigidas por alguns governos à falta de apoio da UE, o porta-voz da presidente Von der Leyen pede para que percebam vai ser preciso tempo até haver uma solução adequada. Por agora garante que a Comissão vai já elaborar "um plano de ação e um roteiro" para resolver à crise do novo coronavírus. Mas o porta-voz baixa as expectativas quanto a uma resposta atempada.
"É muito cedo para dizer quando é que isso será apresentado. Ou mesmo sobre os elementos específicos desse roteiro e plano de ação", disse Eric Mamer, escusando-se a falar em mutualização de dívida europeia.
"Precisamos de algum tempo para contornarmos todas as dimensões da crise, de modo a sermos capazes de apresentar as soluções apropriadas para resolver a crise", defendeu o representante do executivo comunitário perante a imprensa.
Na quinta-feira, na cimeira europeia, os governos de Itália e Espanha insurgiram-se contra a posição de alguns governos europeus, que insistem em travar uma medida defendida que, para um grupo de nove Estados-Membros, seria "uma forma de garantir um financiamento estável a longo prazo para as políticas necessárias para combater os danos causados por esta pandemia", nomeadamente a mutualização de dívida europeia.
António Costa foi o mais incisivo nas críticas dirigidas aos que "ainda não perceberam nada do que é a União Europeia", defendendo que "perante um desafio comum temos de ter capacidade de responder em comum".
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O primeiro-ministro reagia ao que terão sido as afirmações do ministro holandês das Finanças, Wopke Hoekstra, que esta semana terá considerado necessária uma "investigação" de Bruxelas em termos de ajuda aos países sem capacidade orçamental para enfrentar a pandemia.
Sem meias palavras, e de forma agastada, António Costa classifica como "repugnante" o discurso de Hoekstra, considerando até que se trata de um discurso "mesquinho e contrário ao espírito da União Europeia".
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"Esse discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia e a expressão é mesmo repugnante", enfatizou, considerando que "é boa altura de compreenderem todos que não foi a Espanha que criou o vírus, nem foi a Espanha que importou o vírus". O vírus "infelizmente atingiu nos a todos por igual. E se nós não nos respeitamos todos uns aos outros".
"Se alguém acha que resolve o problema do vírus deixando o vírus à solta nos outros países, está muito enganado, porque, numa União Europeia que assenta na liberdade de circulação de pessoas de bens mercadorias na União Europeia e de fronteiras abertas, [e] o vírus não conhece fronteiras".
"É essa mesquinhez recorrente que mina completamente aquilo que é o espírito da União Europeia e uma ameaça ao futuro da União Europeia", afirmou, considerando "inaceitável que um responsável político, seja de que país for, possa dar respostas dessa natureza perante uma pandemia como aquelas que temos como aquela que estamos a viver".