Bruxelas admite "preocupações com a escassez de pessoal no setor da aviação" com impacto no turismo.
Corpo do artigo
Bruxelas revê em alta crescimento em 2022. PIB deverá crescer 6,5%. Se as previsões da Comissão Europeia se confirmarem, Portugal volta a ser o país da União Europeia que mais cresce este ano. Os dados da Comissão Europeia refletem também as perspetivas de mais aumentos do custo de vida este ano e no próximo.
Bruxelas considera que todas as ameaças à economia se concretizaram no segundo trimestre de 2022, ainda assim, revê em alta as perspetivas de crescimento para este ano.
Na anterior previsão apontava para um crescimento de 5,8 por cento. Agora prevê que o PIB português venha a fixar-se nos 6,5%, sendo o país que mais cresce no conjunto da União Europeia, onde a média é de 2,7%.
TSF\audio\2022\07\noticias\14\09_joao_francisco_guerreiro_boletim_intercalar_verao_2022_bruxelas
Bruxelas destaca um "início do ano forte" em termos de crescimento, mas salienta que "deverá moderar" nos próximos trimestres, embora se mantenha "importante ao nível anual".
"As exportações de serviços deverão contribuir mais para o crescimento, refletindo uma expansão excecional de 75%, no primeiro trimestre do ano", comparativamente com os dados registados no ano passado, refere o relatório.
Bruxelas considera que "esta evolução foi claramente apoiada pela recuperação do setor do turismo, com as dormidas de não-residentes a aumentarem 846% no mesmo período, mantendo-se ainda 26% abaixo do nível pré-pandemia".
Bruxelas refere que "os dados mais recentes apontam para a continuação do forte desempenho do turismo, com voos internacionais e visitas de turistas estrangeiros quase a atingirem o nível pré-pandemia no segundo trimestre de 2022".
"Ao mesmo tempo, os indicadores de curto prazo sugerem uma desaceleração do consumo privado, da produção industrial e da construção devido às crescentes pressões de custo dos preços da energia e restrições de oferta global", lê-se no relatório já consultado pela TSF, o qual apontava também para uma "procura mais fraca dos parceiros comerciais", que também "deverá pesar negativamente nas exportações de bens".
Ainda assim, Bruxelas prevê que no próximo ano a economia também continue a tendência de crescimento - depois de ter diminuído 8,4 por cento no primeiro ano da pandemia - em 2020. Em 2023, Bruxelas prevê um crescimento de 1,9%.
"Os riscos para as perspetivas de crescimento mantêm-se em sentido descendente, como resultado da guerra de agressão da Rússia à Ucrânia", refere a Comissão, apontando ainda para um impacto do cancelamento de voos nos aeroportos portugueses, "no contexto de crescentes preocupações com a escassez de pessoal no setor da aviação, o que poderá ter repercussões negativas nas visitas de turistas estrangeiros a Portugal".
Porém, o comissário da Economia, Paolo Gentiloni, foi mais cauteloso quando questionado sobre o impacto na economia portuguesa do cancelamento de voos, dizendo que Portugal não é caso único.
"Temos dificuldades no setor da aviação que são assinaladas em alguns países, em alguns grandes aeroportos", afirmou, frisando que "por agora, os dados que temos sobre alojamento hoteleiro e voos internacionais para Portugal não são motivo de preocupação".
No boletim macroeconómico intercalar de verão, a Comissão Europeia analisa também o aumento do custo de vida. Abaixo da estimativa do Instituto Nacional de Estatística, Bruxelas aponta para uma inflação em Portugal de 6,8%, enquanto o INE estima que o custo de vida aumente 8,7% este ano. Em 2023, os preços deverão continuar a subir. A inflação deverá atingir os 3,6%.
"Os preços dos serviços também aumentaram, (...) refletindo uma pressão sobre a procura", além de fatores como o impacto dos custos da "energia para os serviços de transporte, bem como grandes efeitos de base para os preços da hotelaria e transporte aéreo".
Ainda assim, nos dois casos, Portugal está entre países que registam a inflação mais baixa. Só em França, com 5,9%, e na Suécia, com 6,6%, o aumento do custo de vida este ano fica abaixo do português.
Os países do Báltico são os mais afetados pela inflação, com a Estónia e a Lituânia a atingirem um recorde de 17% em 2022 e a Letónia, mais abaixo. Ainda assim, o aumento do custo de vida ultrapassa do 15 por cento.
* Notícia atualizada às 13h00