"Burro" e "representante do maligno". Candidato de extrema-direita na Argentina insulta papa Francisco
A TSF foi a Buenos Aires saber qual a opinião dos habitantes sobre os ataques recentes de Javier Milei a Francisco.
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A carreira fulgurante do papa Francisco na Igreja Católica, afinal de contas, começou aqui, na Basílica María Auxiliadora y San Carlos, no centro de Buenos Aires. No dia de Natal de 1936, tinha o pequeno Jorge Mario uma semana de vida, foi batizado num território sagrado para os argentinos, até por Carlos Gardel, o pai do tango, ter dado os primeiros passos da carreira a cantar no coro da mesma igreja em 1901, aos 11 anos.
Por essas e por outras, todos os dias, fiéis e turistas enchem o local.
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Dado o contexto eleitoral, a TSF quis saber qual a opinião de quem passava sobre os ataques recentes de Javier Milei a Francisco. "Burro", "comunista", "nefasto" e "representante do maligno" foram alguns dos adjetivos utilizados pelo candidato libertário, de extrema-direita, contra o compatriota.
A maioria dos abordados, entretanto, recusa-se a falar, a gravar ou sequer a dizer como se chama. Mas Alejandro González, que entrega comida, disse que não serão esses ataques a determinar o seu voto.
"O meu voto não está definido, porque há muitas coisas no atual Governo de que também gosto. Votar em branco? Também não defini ainda", revelou Alejandro González.
Por sua vez, Ana Martín, turista uruguaia que quase não é turista por ter vivido anos a fio na capital argentina, sublinhou que Milei "está fora do eixos" e que ofender o papa o fará perder votos de metade da população.
"Ele assim perde mais de metade dos votantes, mas além disso parece-me um candidato fora dos eixos, a Argentina está uma ruína, mas tudo o que foi feito em assistência social não pode ser perdido assim", prevê Ana Martín
Politólogo, Carlos De Angelis, da Universidade de Buenos Aires, confirma que os ataques de Milei ao papa lhe podem custar caro.
"Sobretudo no norte do país, onde a religião, assim como no vizinho Brasil, é muito importante, onde as festas religiosas fazem parte do dia a dia", explica Carlos De Angelis.
As eleições são domingo e, além de Milei, concorre Sergio Massa, atual ministro de uma economia que bate quase nos 150 pontos de inflação.