O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, afirmou hoje, em Lisboa, que o país está atento aos impactos e influências da situação europeia na sua economia. Jorge Carlos Fonseca falava aos jornalistas no final de um encontro com o chefe de Estado português, Cavaco Silva.
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«Não somos um país europeu, não somos membro da UE, mas temos um acordo de parceria especial, a moeda cabo-verdiana está indexada ao euro, a economia cabo-verdiana depende essencialmente das economias europeias e, especificamente, das economias dos países da zona euro e portanto tem que estar atenta a eventuais impactos ou influências do desenvolvimento da situação na Europa na nossa própria economia», sublinhou.
«Estamos na África Ocidental, mas é sempre importante (...) ninguém pode ignorar (...) os efeitos e desenvolvimentos de uma situação que, creio eu, apresenta alguns contornos de novidade no contexto europeu», disse.
Em relação à cimeira da União Africana, que decorreu na sexta-feira e no sábado, em Addis Abeba, Jorge Carlos Fonseca destacou o apelo que fez de apoio à Guiné-Bissau para a mobilização dos países-membros e parceiros da UA «para que projetos e programas de desenvolvimento e reconstrução possam ter meios de financiamento (...) fundamental depois de um longo período de instabilidade».
Após o golpe de Estado de abril de 2012, a Guiné-Bissau regressou à normalidade institucional após as eleições de 13 de abril de 2014.
«Há um processo em curso de consolidação instituicional, de reencontro com os caminhos da democracia e com o Estado de direito constitucional, portanto, é decisivo que, numa região crucial como é a África Ocidental, onde há problemas na Nigéria, no Mali, com a ameaça de grupos como o Boko Haram, que um país como a Guiné-Bissau encontre estabilidade para que seja uma espécie de tampão e uma ajuda para a estabilização daquela região», frisou.
«Foi este o apelo que fizemos na UE e que fizemos agora a Portugal, no quadro da UE, para que se apoie um país que pode ter condições de chegar ao progresso e à estabilidade democrática», acrescentou.
Em Adis Abeba, Jorge Carlos Fonseca participou na mesa-redonda de apoio ao desenvolvimento da Guiné-Bissau, em que pediu «ações solidárias» para o país, apelando para a participação dos países-membros e parceiros da UA numa reunião preparatória em Accra, em breve, e, posteriormente, em março na mesa-redonda que vai realizar-se em Bruxelas.