O ministro da Administração Interna anunciou medidas restritivas para evitar ajuntamento de pessoas.
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O Governo cabo-verdiano prorrogou esta quarta-feira a situação de calamidade nas ilhas de Santiago e Sal, e declarou-a na ilha do Fogo até 31 de outubro, como forma de reforçar as medidas de contenção da propagação do novo coronavírus.
O anúncio foi feito na cidade da Praia, pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, no balanço da reunião do Gabinete de Crise, realizada na terça-feira.
"É declarada a situação de calamidade na ilha do Fogo e prorrogada nas ilhas de Santiago e Sal, até 31 de outubro", anunciou o porta-voz do Governo, que justificou a nova situação no Fogo com o "risco elevado" de transmissão comunitária nessa ilha, que registou o primeiro caso em 17 de agosto e conta agora com um acumulado de 67.
Da mesma forma, o governante justificou a prorrogação no Sal e em Santiago com o número de casos ainda ativos nessas duas ilhas, de 423.
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Apesar de a situação dar "sinais de estabilização" na cidade da Praia, Paulo Rocha notou que ainda subsistem focos de contágio noutros concelhos da ilha de Santiago, no Sal e no Fogo, que justificam a imposição e manutenção de medidas restritivas.
O ministro anunciou ainda um conjunto de medidas restritivas ao funcionamento das atividades que propiciam o ajuntamento de pessoas, embora menos intensas, permitindo, por exemplo, a reabertura da atividade balnear na ilha de Santiago mais de cinco meses depois.
A atividade balnear na ilha de Santiago vai voltar a ser permitida a partir de 07 de setembro, entre as 06h00 e as 10h00, tal como acontece na ilha do Sal, mas em termos ainda a definir e com avaliação semanal por parte do Instituto Marítimo e Portuário e da Direção Nacional da Saúde.
"Numa ótica de gradualidade e da necessidade de se manter o escrupuloso cumprimento do distanciamento físico indispensável à contenção da infeção", salientou Paulo Rocha.
Em todo o país, mantêm-se encerradas as instalações e proibidas as atividades culturais, recreativas, desportivas, de lazer e de diversão e as festas e convívios, ainda que em residências e particulares.
A prática de atividade de cariz religioso e de culto mantém-se condicionada às regras sanitárias fixadas, relativas à redução da lotação dos espaços a 1/3 da sua capacidade, à higienização frequente, uso obrigatório de máscaras, etiqueta respiratória e desinfeção das mãos.
Bares e esplanadas podem reabrir
No tocante ao horário de funcionamento, destaque para a reabertura dos estabelecimentos de bebidas alcoólicas, nomeadamente bares e esplanadas, mas até às 21h00 e observando várias normas de higiene e obtendo a declaração de conformidade sanitária.
No que diz respeito à viagens interilhas com origem na ilha do Fogo, o ministro anunciou que passam a obrigar à apresentação pelo passageiro de teste de despiste à Covid-19, com resultado negativo, efetuado nas 72 horas que antecedem a deslocação, tal como acontece atualmente com as ilhas de Santiago e Sal.
As novas medidas vão entrar em vigor na quinta-feira, após publicação no Boletim Oficial.
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O Governo tinha prorrogado o estado de calamidade nas ilhas de Santiago e Sal, a partir de 10, dia em que o país contava com o acumulado de 2.883 casos de Covid-19, que aumentou até hoje para 3.970 e 40 óbitos.
Mesmo assim, o ministro da Administração Interna disse que as medidas surtiram efeitos "bastante positivos", tendo a taxa e velocidade de transmissão baixado na cidade da Praia.
"O número de casos continua a ser alto e precisa de cair, mas a velocidade de contaminação diminuiu", salientou Paulo Rocha, referindo igualmente o surgimento de casos recentes no Fogo, mas que estão a merecer a "atenção devida".
A pandemia do coronavírus que provoca a Covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.