O vulcão que há 20 dias entrou em erupção na ilha cabo-verdiana do Fogo está «pouco ativo», com uma «quase nula» emissão de gases e de cinzas e a lava estagnada.
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Arlindo Lima, presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil (SNPC) cabo-verdiano, contactado pela agência Lusa, adiantou, a partir de Chã das Caldeiras, que esse é o cenário existente às 11:00 locais (12:00 em Lisboa), mas afirmou que a situação pode agravar-se.
Satisfeito pelos quatro dias de acalmia, Arlindo Lima indicou que, segundo os técnicos e especialistas no terreno, há a previsão de a situação se manter ao longo dos próximos dias, embora com um ligeiro aumento da emissão de gases.
«É muito bom e confortante o vulcão estar há quatro dias com uma atividade reduzida, mas isso não significa que as erupções vulcânicas tenham terminado», avisou, aludindo à previsão dos vulcanólogos de uma possível intensificação de gases e de lava dentro de menos de uma semana. «Tudo pode acontecer», salientou o presidente do SNPC cabo-verdiano.
A lava mantém-se a cerca de 600 metros de Bangaeira, povoação que, tal como Portela, foi destruída pela torrente, e está praticamente parada há quatro dias, distando 3,5 quilómetros de Fernão Gomes, o ponto crític, uma vez que, a partir desse casal, desabitado, segue-se a encosta da grande montanha do Fogo até Mosteiros (norte).
Os mesmos dados foram transmitidos à Lusa por Manuel Cabral, do Gabinete de Comunicação do Governo cabo-verdiano, que se encontra em São Filipe, lembrando, porém, que apesar da acalmia prosseguem as operações de alerta para a possibilidade de a situação se agravar, estando tudo a ser seguido «ao minuto».
Se a atividade vulcânica se agravar e a lava ultrapassar Fernão Gomes, situado a uma altitude de quase 1.900 metros, a torrente não encontrará quaisquer obstáculos em descer a encosta até ao mar, percurso onde se situam duas povoações - Cutelo Alto e Fonsaco -, cujos cerca de 2.300 habitantes estão em alerta para uma eventual retirada.
Entretanto, a chegada dos dois aviões de carga da Forças Aérea angolana, prevista para quinta-feira, só chegam hoje à ilha cabo-verdiana do Sal com seis toneladas de equipamentos destinados a apoiar as operações de assistência humanitária.
A ajuda destina-se a apoiar as operações de construção e de reconstrução de habitações e na alimentação dos cerca de 1.500 desalojados das povoações de Portela e Bangaeira, em Chã das Caldeiras, totalmente consumidas pela lava.