Campas e lojas vandalizadas. Desde a 2.ª Guerra que não havia tantos ataques a judeus
Emmanuel Macron declara guerra ao antissemitismo. Em França, os ataques contra judeus aumentaram 74% entre 2017 e 2018 - e o início de 2019 mostra que este ano pode ser ainda pior.
Corpo do artigo
Na mesma semana em que cerca de 100 campas judias, num cemitério nos arredores de Estrasburgo, foram profanadas, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o Parlamento vai discutir um pacote de medidas para combater o antissemitismo.
Macron admitiu que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os ataques contra os judeus em França nunca foram tão graves. Perante os participantes na Reunião anual das Organizações judaicas do país, o chefe de Estado reconheceu que este é um problema que está a ser enfrentado por vários países ocidentais.
Na terça-feira, Macron visitou o cemitério judeu vandalizado e afirmou que o responsável por aqueles atos "não é digno da república francesa e será punido". O Governo francês não vai esperar mais para tomar medidas.
Macron anunciou que a legislação proposta vai classificar o antissionismo (a negação do direito de existência do Estado de Israel) como uma forma de antissemitismo. Macron revelou ainda que o Governo vai dissolver três grupos de extrema-direita - o Bastion Social, Blood e Honor Hexagone e o Combat 18. O presidente diz que estes grupos só existem para alimentar o ódio e promover a discriminação.
O Governo quer ainda adotar legislação para controlar a disseminação das mensagens de ódio na internet.
Nas últimas semanas, a França tem sido confrontada com ataques consecutivos contra símbolos judaicos. Caixas do correio com a imagem de Simone Veil, uma sobrevivente do Holocausto, foram profanadas. A palavra alemã para "judeus" apareceu pintada no vidro de uma padaria parisiense e alguém cortou duas árvores plantadas em memória de um jovem judeu torturado até a morte por antissemitas.
Houve ainda o caso do filósofo, Alain Finkielkraut, que foi insultado e perseguido por ser judeu quando passava por um protesto dos coletes amarelos, em Paris.