Associação dos Médicos de Emergência do Reino Unido classificou este inverno como o pior das últimas décadas.
Corpo do artigo
Quinhentos médicos britânicos assinaram uma carta dirigida primeiro-ministro onde pedem a Rishi Sunak que não perca mais tempo e reúna o Parlamento de emergência para debater a crise no Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido. Os médicos garantem que nunca viram tantos problemas, com doentes a morrerem e profissionais de saúde devastados pela falta de condições para os salvarem.
"Para o pessoal que trabalha no Serviço Nacional de Saúde (NHS) ou para qualquer paciente que tente desesperadamente aceder a cuidados, a negação de que o Serviço Nacional da Saúde está em crise é simplesmente ilusória", afirmou ao The Guardian Vishal Sharma, presidente do comité de consultores da Associação Médica Britânica, que representa a maioria dos médicos do país.
Em Gloucester, uma mulher de 90 anos caiu nas escadas de casa e fraturou uma anca. Um acidente normal em qualquer parte do mundo, mas esta britânica tinha tantas dores que ninguém a conseguiu levantar. Ficou deitada no chão onde caiu durante quase 24 horas à espera de uma ambulância. Quando finalmente conseguiu ser levada a uma urgência, ainda teve de esperar outras quatro horas dentro da ambulância antes de ser atendida. O caso foi relatado pela neta, estudante de enfermagem, na BBC.
"[A minha avó] estava a sofrer imenso, não a podíamos deslocar. Deixámo-la o mais confortável possível, pusemos-lhe algumas almofadas à volta e mantivemo-la quente enquanto esperava", contou Rachel Walter, neta da mulher de 90 anos.
No entanto, este não é caso único. Há outros idênticos noutros órgãos de comunicação. Um homem que esperou 99 horas à porta da urgência ou um doente que teve de ficar deitado no próprio carro por falta de cama no hospital. Relatos que dão uma ideia do que se passa e o que levou a Associação dos Médicos de Emergência a classificar este inverno como o pior das últimas décadas: a população envelheceu, o Serviço Nacional de Saúde britânico sofre com subfinanciamento crónico, a Covid-19 ainda não desapareceu e a gripe ataca em força.
Segundo a BBC, o problema começou lá muito atrás, antes da Covid-19, quando já havia mais de quatro milhões de britânicos à espera de cuidados de saúde. Agora, por mais horas que trabalhem, os médicos de família não conseguem responder à procura, os hospitais estão sem camas para mais internamentos e sem locais para doentes. A solução pode ser abrir mais hospitais de campanha.
Uma situação que coloca o executivo de Rishi Sunak no centro de todas as críticas, sobretudo por ter minimizado o problema, e agora há centenas de médicos que querem ver o assunto debatido com urgência no Parlamento. De resto, o novo ano promete começar como terminou o velho: com greve de enfermeiros e do serviço de ambulâncias por reformas e por aumentos salariais ao nível da inflação.