O "caso Petraeus" abriu um vazio na equipa de segurança nacional do presidente norte-americano, que soma já várias baixas, numa altura em que aumentam as dúvidas sobre o que se passou no ataque ao consulado em Bengazi (Líbia).
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A demissão do diretor da CIA, David Petraeus, por causa de um caso de adultério, deixou mais um lugar vazio numa equipa que já estava desfalcada: Hillary Clinton, secretária de Estado, e Leon Panetta, chefe do Pentágono, tinham anunciado há meses que se afastariam dos cargos no final do primeiro mandato de Barack Obama.
O processo de seleção para substituir estes e outros altos funcionários assumiu o caráter de urgência com o escândalo de Petraeus, que também manchou a reputação do comandante das tropas aliadas no Afeganistão, John Allen.
Obama manteve-se à margem do problema e disse na quarta-feira que vai guardar a sua opinião sobre o processo que levou à demissão de Petraeus, afirmando, no entanto, que «até ao momento não há provas de que tenha revelado informação classificada» que pudesse prejudicar a segurança nacional dos Estados Unidos.
Porém, alguns analistas consideram que o caso agravou a desconfiança quanto à CIA, instalada desde o ataque de 11 de setembro em Bengazi, na Líbia, que matou o embaixador norte-americano, Chris Stevens, e outros três cidadãos norte-americanos.
David Petraeus vai ser ouvido esta semana no Congresso, numa audiência à porta fechada, onde deverá responder a perguntas sobre a sua infidelidade, mas também sobre o ataque na Líbia.
As suspeitas republicanas de que a administração Obama encobriu os factos que envolveram o ataque levaram o senador John McCain a pedir audiências «ao estilo das do caso Watergate», para esclarecer os motivos pelos quais o relato oficial passou, em poucos dias, a atribuir o incidente a militares depois de inicialmente ter sido atribuído a «protestos espontâneos».
A isto somam-se ainda as declarações da antiga amante de Petraeus, Paula Broadwell, que garante que o ataque ao consulado pretendeu resgatar militares que estavam presos no anexo da missão, que pertencia à CIA.
Para Frederic Wehrey, especialista em questões da Líbia do centro de estudos Carnegie Endowment for International Peace, não é estranho que o caso de Bengazi não se tenha esclarecido em dois meses, uma vez que esteve envolto em «todo o tipo de informações confusas».
Na CIA, o maior escrutínio relativamente a este ataque recai sobre a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, que deu várias entrevistas nos dias que se seguiram ao incidente, afirmando que se devia a «protestos espontâneos», uma informação de segurança que mais tarde foi descartada.
Rice é agora a principal candidata de Obama para substituir Hillary Clinton à frente do Departamento de Estado. O mandatário defendeu-a na quarta-feira, considerando que as críticas de que é alvo são «intoleráveis».