Relatório divulgado esta terça-feira aponta a falta de investimento na prevenção e tratamento como causa para esse cenário.
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A Organização Mundial de Saúde estima que os casos de cancro aumentem cerca de 81% nos países em desenvolvimento até 2040. A principal causa é a falta de recursos destinados à prevenção.
Num comunicado divulgado esta segunda-feira, a ONU alerta que se as tendências atuais se mantiverem, o mundo registará um aumento global de 60% dos casos de cancro nas próximas décadas. Só em 2018, a OMS contabilizou 18,1 milhões de novos casos da doença e a organização estima que esse número chegue a algo entre 29 e 37 milhões até 2040.
Os países em desenvolvimento, que possuem as maiores taxas de mortalidade, deverão registar o maior aumento: 81%, segundo as projeções. De acordo com a OMS, a situação é explicada pelo facto de esses países terem recursos limitados na área de saúde pública, principalmente na prevenção de doenças infeciosas e nos cuidados de saúde às mães e bebés, além dos serviços sanitários, que não estão devidamente equipados para prevenir, diagnosticar e tratar os cancros.
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"É um alerta vermelho que nos pede para que enfrentemos as desigualdades inaceitáveis que existem entre países ricos e países pobres no que diz respeito aos serviços de combate ao cancro", afirmou Ren Minghui, vice-diretor-geral da OMS, no comunicado. "Quando as pessoas têm acesso aos cuidados básicos e aos sistemas de orientação, é possível detetar o cancro num estágio inicial, tratá-lo de forma eficaz e curá-lo", ressalvou.
A OMS apresenta uma lista de medidas que permitem prevenir novos casos de cancro, como a luta contra o tabagismo, a vacinação contra a Hepatite B para prevenir o cancro do fígado e a vacinação contra o papilomavírus humano, responsável pelo cancro do colo do útero.
"Se mobilizarmos as diferentes partes envolvidas para trabalhar em conjunto, poderíamos salvar pelo menos sete milhões de vidas ao longo da próxima década", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, citado no comunicado.
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O documento aponta que as medidas têm feito com que haja redução do número de mortes por canco, mas essa queda é registada principalmente nos países ricos.
"Os países desenvolvidos têm adotado programas de prevenção, diagnósticos precoces e deteção que, associados a melhores tratamentos, contribuíram na redução de 20% na taxa de mortalidade prematura por cancro entre 2000 e 2015", pode ler-se no comunicado.
Nos países em desenvolvimento, a redução foi apenas de 5%, segundo a diretora do Centro Internacional de Investigação sobre o Cancro, Elisabete Weiderpass.
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