
Albert Gea/Reuters
Um dispositivo de mais de 7 mil pessoas vai assegurar que a votação se realiza no próximo domingo, diz o governo catalão. Governo de Madrid garante que não vai haver referendo.
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O governo regional da Catalunha assegurou esta sexta-feira, em Barcelona, que no domingo haverá mais de 2.300 assembleias de voto para os catalães votarem no referendo, num claro desafio ao Estado espanhol, que ilegalizou a consulta.
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O porta-voz do governo espanhol, Inigo Mendez de Vigo declarou esta sexta-feira, em conferência de imprensa, que a votação era ilegal e que, por isso, não irá acontecer. "Insisto que não vai haver referendo a 1 de outubro", disse o representante do governo de Madrid, momentos depois do governo regional da Catalunha ter anunciado as assembleias de voto que tenciona disponibilizar.
"Finalmente haverá 2.315 assembleias de voto" para o referendo de autodeterminação em que 5,3 milhões de catalães são chamados a participar, disse o porta-voz da Generalitat, Jordi Turull, numa conferência de imprensa.
Segundo o executivo catalão, que convocou o referendo considerado ilegal pelo Estado espanhol, haverá um dispositivo de 7.235 pessoas para assegurar a votação no domingo, daqui a dois dias.
O que vai acontecer domingo?
Na conferência de imprensa, vários membros da Generalitat asseguraram que "no domingo se irá votar" das 9h00 (8:h00 em Lisboa) até às 20h00 (19h00), apesar do "comportamento desproporcionado" do Governo de Mariano Rajoy para impedir a consulta, "atacando os direitos fundamentais".
Uma das organizações apartidárias pró-independência mais importantes da Catalunha já tinha dado instruções na quinta-feira aos seus membros para estarem nos colégios eleitorais cedo no domingo para assegurar a abertura das assembleias de voto.
A Assembleia Nacional Catalã (ANC), uma organização da sociedade civil que, juntamente com a Ómnium Cultura, lidera o processo independentista quer os seus associados nos colégios eleitorais no domingo, 1 de outubro, a partir das 7h00 (6h00 de Lisboa) para distribuírem os boletins de voto e organizarem as pessoas que vão estar em "filas gigantes e ordenadas".
Numa circular interna citada por vários órgãos de comunicação social de Espanha, a ANC recomenda "resistência pacífica, zero violência e máxima audácia", pedindo ainda para "não se enfrentar os Mossos" d'Esquadra, a polícia regional catalã, no caso de esta força policial atuar contra a consulta popular suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol.
A polícia apreendeu nos últimos dias milhões de boletins de voto e 45 mil convocações de membros das mesas eleitorais.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo parlamento e pelo governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação.