As sondagens dão a vitória a Salvador Illa, candidato do PSOE, mas sem margem suficiente para formar governo sozinho.
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Mais de 5,5 milhões de catalães vão este domingo às urnas para decidir se a região continua na senda dos governos independentistas ou se há um giro no guião dos últimos anos. O confronto independentista já dura há dez anos e, pelo meio, deixou um referendo ilegal de independência, nove políticos catalães presos, acusados de sedição, e uma sociedade fraturada que este domingo decide como quer encarar o futuro.
As urnas abriram às 9 da manhã com total normalidade e apesar do dia ter amanhecido chuvoso, já havia filas para votar a essa hora. Apesar das mais de 33.500 pessoas que pediram dispensa das suas funções nas secções de voto, por medo aos contágios pela pandemia, as assembleias puderam abrir de forma pontual em quase toda a região. Em cada mesa há separadores de acrílico e gel desinfetante e, também por cauda da pandemia, foram estabelecidos horários específicos de votação.
Assim, das 9.00 horas ao meio-dia devem votar as pessoas de risco e, do meio-dia às 19.00 horas, o resto da população, menos aqueles que estejam a cumprir quarentena de forma profilática, ou por estarem infetados com Covid-19. Estes eleitores podem votar, mas devem fazê-lo entre as 19.00 e as 20.00 horas. Durante este período de tempo, os responsáveis das secções de voto devem vestir equipamentos de proteção individual, com os macacões completos e as luvas, além das máscaras FFP2 que já foram distribuídas durante a manhã, para minimizar os riscos de contágio.
Illa é o favorito
Salvador Illa, ex-ministro da Saúde e candidato do PSOE, é o favorito para estas eleições mas as sondagens apontam para margens muito pequenas, que poderiam mesmo acabar num empate triplo. Os estudos de opinião dão a vitória ao socialista por escassos 22%. Logo a seguir, com 20%, vêm os independentistas do JuntsxCat, o partido do foragido Carles Puigdemont e o Esquerda Republicana, formação de Oriol Junqueras, um dos políticos catalães presos por delito de sedição.
Neste contexto, o pior inimigo dos socialistas é a abstenção. "Só se não ficamos em casa podemos superar a etapa de desastre e voltar a começar de novo. Peço o voto de todos e todas aquelas e aqueles que queiram assegurar que dia 15 de fevereiro haja um presidente reformista, progressista e dialogante na frente do Governo da Generalitat", disse Salvador Illa no último acto de campanha.
Nas passadas eleições de 2017, dois meses depois do referendo ilegal de independência, 80% da população votou, um numero record e que deve ficar muito aquém este domingo. Mais de 265.000 pessoas pediram o voto por correio, número sem precedentes e que deve ajudar a minimizar a abstenção que, ainda assim, será elevada.
Em 2017, quem ganhou as eleições foi o Ciudadanos, mas a falta de apoio parlamentar fez com que o governo acabasse na mão dos independentistas. Agora, tudo indica que os pactos vão ser de novo determinantes. Illa já fez saber que prefere um acordo com o Podemos, à semelhança daquele que existe a nível nacional, mas os dois partidos, sozinhos, podem não somar os 68 deputados necessários para a formação de Governo.
Bloqueio político
Se não conseguirem, entraria em jogo o Esquerda Republicana mas, neste caso, as contas complicam-se, uma vez que o partido assinou um documento junto com as demais formações independentistas em que se comprometem a não investir Salvador Illa.
No pior dos casos, o bloqueio político poderia chegar mesmo a forçar uma repetição eleitoral. Um cenário que ninguém deseja, sobretudo num contexto de pandemia e crise económica e social.
"Nós não queremos uma repetição eleitoral", assegurou Pere Aragonés, candidato do Esquerda Republicana e atual presidente da Generalitat, em entrevista à Televisão Espanhola. "Acho que a cidadania deseja que se possa formar um governo, quanto antes melhor, que possa atender as necessidades do país, esta necessidade de solucionar este conflito político, a partir da defesa do referendo de autodeterminação, mas também que leve a cabo esta reconstrução económica e social".
Carta fora do baralho são os partidos nacionais de direita. O Partido Popular, líder da oposição a nível nacional, corre mesmo o risco de ser ultrapassado pelo Vox, partido de extrema-direita, que pode chegar aos 11 deputados, enquanto que o PP pode não passar dos seis. A queda mais acentuada prevê-se para o Ciudadanos que, depois de vencer as eleições em 2017 com 36 deputados, agora pode ficar-se pelos 12.