O parlamento regional da Catalunha aprovou a votação de uma lei que vai permitir a convocação de um referendo sobre a independência. O governo espanhol diz que o referendo será ilegal.
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O Governo espanhol apresentou esta quarta-feira, em Madrid, um recurso no Tribunal Constitucional para evitar a votação no Parlamento regional da Catalunha de um projeto de lei para convocar um referendo sobre a independência da região.
"O Governo pediu ao Tribunal Constitucional que declare nulos e sem efeitos os acordos adotados", anunciou a vice-presidente do executivo, Soraya Saenz de Santamaria, referindo-se ao agendamento desse projeto de lei na ordem do dia de hoje do parlamento catalão.
Para Sáenz de Santamaría, a discussão desta manhã em Barcelona "foi vergonhosa" e "um pontapé na democracia, nos catalães e na decência política".
O parlamento regional aprovou esta manhã a introdução na ordem do dia da votação de uma lei que permitirá a organização de um referendo sobre a independência da região, apesar da oposição de Madrid. Os deputados separatistas tomaram a decisão por 72 votos a favor contra 60 da oposição.
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, assegurou na terça-feira em Madrid que o seu executivo iria atuar com "proporcionalidade, inteligência, tranquilidade e firmeza" perante os separatistas da Catalunha.
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Rajoy qualificou ainda de "disparate" a possibilidade de, ainda esta semana, os independentistas catalães tentarem, em apenas um dia, que a Mesa do parlamento regional aceite a proposta de lei do referendo, a inclua na ordem do dia e a leve a votação, sem que haja uma discussão sobre o projeto nos prazos previstos pela legislação.
O presidente do governo regional da Catalunha anunciou, a 9 de junho, a realização de um referendo sobre a independência a 1 de outubro próximo.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.