"Catástrofe" atingiu Turquia e Síria há um mês. "Nenhum país está preparado para uma situação daquelas"
Em declarações à TSF, Francisco Rocha, comandante da SAR TEAM, uma organização de voluntários de Proteção Civil, que esteve presente nas operações de busca e salvamento na Turquia, sublinha a capacidade de resposta internacional na gestão da crise após os fortes sismos que atingiram a região.
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Um mês depois dos fortes sismos que atingiram a Turquia e a Síria, a agência pública turca de gestão de desastres adianta que, neste país, o abalo fez quase 45 mil mortos e que, ao todo, terão morrido mais de 50 mil pessoas. Portugal participou no esforço conjunto para conseguir encontrar sobreviventes.
Uma das equipas presentes foi a SAR TEAM, uma organização de voluntários de Proteção Civil. Ouvido pela TSF, Francisco Rocha, comandante da equipa, reconhece que, apesar da catástrofe, foi possível ver alguma evolução na gestão da crise quando comparado com outros teatros de operações.
"Nenhum país está preparado para uma situação daquelas, mas [a Turquia] estava preparada para receber a resposta internacional, sem dúvida. Aconteceram coisas que, noutros países, não aconteceram, e que estão escritas nos modelos de resposta, por exemplo: as equipas internacionais chegavam ao aeroporto em Istambul e todas elas recebiam um cartão SIM com internet e chamadas ilimitadas para as equipas conseguirem comunicar dentro do país, tivemos sempre um tradutor a acompanhar a nossa equipa e um oficial de ligação a garantir a segurança militar, por isso, nunca nos sentimos inseguros", explica à TSF Francisco Rocha.
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O operacional sublinha que a experiência de busca e salvamento na Turquia foi enriquecedora.
"Para nós acabou por ser uma boa experiência na parte operacional, e uma boa experiência de conseguirmos fazer efeito e ter conseguido tirar uma única vítima com vida, o que é muito significante para as equipas internacionais. Nós fizemos a diferença e tivemos bastantes louvores pela parte do próprio governo turco. É gratificante para a equipa, embora tenha sido uma situação desagradável para o país", diz.
Ainda assim, Francisco Rocha afirma que a Turquia e a Síria têm agora um longo caminho a percorrer: "Tentar limpar escombros e, durante essa limpeza de escombros, tentar fazer o possível para recuperar os corpos que não foram encontrados."
"Depois disso tudo, começar a fase da recuperação da própria cidade. Os últimos números apontam para 16 mil edifícios colapsados, estamos a falar numa catástrofe a nível gigante", acrescenta.