"Catástrofe natural no mundo virtual." Falha global na Microsoft mostra que é preciso criar "proteção civil digital"
À TSF, José Tribolet defende que, assim como existe um plano de emergência em caso de sismo, tem de existir algo semelhante quando ocorre um apagão informático. No que à "resiliência virtual" diz respeito, Portugal tem de "fazer muito mais"
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Uma falha global no sistema da Microsoft causou, esta sexta-feira, problemas em inúmeras empresas, incluindo companhias aéreas, financeiras, de comunicação social e outras indústrias. O perito em engenharia informática José Tribolet refere, em declarações à TSF, que esta falha informática "é o equivalente a uma catástrofe natural no mundo virtual".
Reconhecendo que há um "custo", o especialista defende que a sociedade necessita de "sistemas de emergência minimamente resilientes", fazendo um paralelismo com desastres naturais: se há um sismo em Lisboa, "o país tem de estar organizado para, apesar de os muitos estragos, conseguir suportar serviços de emergência médica e de segurança à população o melhor possível".
Também no que diz respeito à informática, para prevenir um apagão mundial como o desta sexta-feira, é preciso haver um "serviço de proteção civil virtual", considera José Tribolet. As administrações, atualmente com os investimentos e os rápidos desenvolvimentos, "deixam para segundo plano a necessidade de ter isto sólido".
Dos Jogos Olímpicos até às companhias aéreas, passando pelas unidades de saúde "que estão a funcionar com graves carências", os constrangimentos afetaram vários serviços em todo o mundo. José Tribolet assinala ainda: "Portanto, isto significa o quê? Que estes serviços não estavam equipados com o mínimo de resiliência para poder aguentar uma catástrofe deste tipo. É como se fosse um enorme ataque cibernético. É claro que vão haver consequências fortes, sobretudo de vidas humanas perdidas."
Sobre "a situação cyber" em Portugal, o também professor catedrático do Instituto Superior Técnico sublinha que o país "não está no tempo da pedra lascada, nem numa situação desgraçada" relativamente à "resiliência das infraestruturas vitais e de proteção de cidadãos, que têm de ser educados". Contudo, "em termos de governação e de políticas ativas de proteção civil no espaço virtual, há que fazer muito mais".

