
epa09604406 A handout photo made available by BelTA shows Iraqi migrants waiting for a flight to Iraq at the National Airport outside Minsk, Belarus, 25 November 2021 (issued 26 November 2021). Two Iraqi Airways evacuation flights are scheduled to bring home over six hundred Iraqi citizens as part of Iraqi authorities efforts in helping its citizens, who have been stranded at the border between Belarus and Poland in the hope of getting into the EU. Asylum-seekers, refugees and migrants from the Middle East arrived at the Bruzgi checkpoint at the Belarusian-Polish border in the Grodno region of Belarus aiming to cross the border. Thousands people who want to obtain asylum in the European Union have been trapped at low temperatures at the border since 08 November. EPA/RAMIL NASIBULIN / BELTA / HANDOUT HANDOUT MANDATORY CREDIT / HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES
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Voluntário conta à TSF que os migrantes encontrados na fronteira estão muito mal.
Crianças, jovens e idosos. São famílias inteiras que chegam de países como a Síria, Iraque ou Afeganistão que fogem de guerras e perseguições. Muitos querem reencontrar familiares que já estão na Europa, mas têm a porta fechada ou, melhor, aberta demasiadas vezes. É o que explica um voluntário polaco que ajuda os migrantes na fronteira.
"Eles atestaram que foram empurrados de volta para a Bielorrússia pelos guardas na fronteira com a Polónia, mas depois foram outra vez apanhados pelos guardas da Bielorrússia e forçados novamente a entrar na Polónia. De certa forma ficaram encurralados", afirma à TSF.
O voluntário conta que os migrantes encontrados na fronteira estão muito mal.
"Eles precisam de comida, água, ajuda médica, primeiros socorros e cuidados de higiene. Alguns deles estavam até já em estado de hipotermia", desabafa o voluntário.
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Prestar apoio a pessoas nestas condições é agora muito difícil. O governo vedou a zona da fronteira às associações humanitárias.
"Isto ainda está a acontecer, esta crise humanitária na fronteira continua. Estamos a apelar ao governo e à União Europeia que permitam que as organizações profissionais de ajuda humanitária trabalhem porque, neste momento, isso não é possível de todo. Ao longo de todo o lado polaco da fronteira foi criada, pelo governo, uma zona interdita.
É baseada no estado de emergência que, arbitrariamente, suspende as regras democráticas", revela.
O que os voluntários têm feito é levar comida, roupas e medicamentos até aos habitantes daquela zona, que depois as entregam a quem precisa.
"Ficou tudo nos ombros da população local que vive nesta região da fronteira e eles têm feito o melhor que têm para dar alguma ajuda porque veem as condições em que estas pessoas, estes migrantes, estão", ressalva.
O voluntário afirma que a situação é insustentável e apela a que sejam respeitadas as leis internacionais.
"É ilegal, é contra as regras empurrar as pessoas de volta para este país nesta situação. Eles têm de receber ajuda humanitária básica e de serem colocados sob os procedimentos normais para quem pede asilo. Talvez consigam receber asilo ou a decisão ser o repatriamento, mas pelo menos seria tudo de uma forma segura e civilizada", sublinha o voluntário.
Se nada fizerem, a Polónia e a União Europeia limitam-se a jogar pelas regras da Bielorrússia, avisa.
"Isto é responsabilidade nossa. Lidar com a situação de uma forma que não vai alimentar a escalada de atenção e o conflito e de uma forma que dê prioridade à segurança destas pessoas que foram vítimas de abusos nesta situação criada pelo regime bielorrusso. Empurrá-las de volta não só é ilegal como é cruel, desumano e é arriscar estas vidas", acrescenta.
As organizações humanitárias já apresentaram um processo no tribunal penal internacional para que os crimes contra os migrantes na fronteira não fiquem sem resposta.