Cerca de 245.000 civis sírios estão cercados em cidades e povoações do seu próprio país e enfrentam dificuldades extremas, incluindo escassez de alimentos, de acordo com a coordenadora da ajuda de emergência da ONU.
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Valerie Amos participou numa conferência de doadores destinada a recolher 6,5 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) para as populações sírias atingidos pelo conflito, que já provocou mais de 130.000 mortos desde março de 2011.
«Estou profundamente perturbada pelos persistentes relatórios de pessoas sem alimentos nessas comunidades sob cerco, onde vivem 245.000 civis», disse na sua intervenção.
«Crianças, mulheres, homens, estão encurralados, com fome, doentes... sem esperança nas capacidades da comunidade internacional em ajudá-los», sublinhou.
«O cerco tornou-se numa arma de guerra com milhares de pessoas bloqueadas nas suas comunidades quase sem reservas alimentares e impedidas de terem acesso aos serviços básicos», prosseguiu.
Grupos armados da oposição estão a bloquear os acessos às cidades de Nubul e Al-Zahraa, na província de Alepo, enquanto as forças governamentais cercam as cidades de Ghuta, Daraya e Noadamiyet al-Sham, na zona rural de Damasco, para além do campo de refugiados palestinianos de Yarmuk, perto da capital, e a zona antiga de Homs, precisou Amos.
«Quase todos os sírios estão a ser atingidos pela crise, com uma queda de 45% do PIB e uma moeda que perdeu 80% do seu valor», acrescentou.
A responsável da ONU, que visitou Damasco na semana passada, disse que a destruição das infraestruturas colocou em risco os serviços básicos, com os fornecimentos de água reduzidos a cerca de metade.
Segundo afirmou, a comissão de inquérito estabelecida pelo Conselho de direitos humanos da ONU deteta diariamente crimes de guerra, crimes contra a humanidade e graves violações dos direitos humanos.
«Todas as partes envolvidas no conflito demonstraram um total desrespeito face às leis internacionais sobre o respeito pelos direitos humanos».
Amos revelou ainda que quando visitou a Síria há dois anos, cerca de um milhão de pessoas necessitava de assistência humanitária.
«Agora, são 9,3 milhões de pessoas nessa situação, quase a população do Chade, Suécia ou Bolívia. Perto de 6,5 milhões de pessoas são deslocados internos», assegurou.
Entretanto, a conferência de doadores para as vítimas da guerra na Síria permitiu hoje juntar promessas de ajuda no valor de 1,8 mil milhões de euros, bastante menos que os 4,8 mil milhões de euros considerados necessários.
As promessas foram anunciadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no final da conferência, que se realizou hoje no Kuwait.