Chernobyl, carreira política e um "popstar" na prisão. Autobiografia “intimista” de Navalny chega às livrarias
O livro “Patriota” é editado pela Ideias de Ler e pode ser adquirido a partir desta terça-feira
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“O livro inicia com aquele episódio em que ele entra num avião e apercebe-se que foi envenenado, a 20 de agosto de 2020. Depois, ele vai para a Alemanha e, quando começa a recuperar lá na clínica alemã, ele começa a escrever as suas memórias.” Quem o diz é Ana Luísa Calmeiro, editora de "Patriota", que conta na primeira pessoa memórias do líder da oposição russa.
À TSF, Ana Luísa Calmeiro diz que a autobiografia consegue dar “uma visão do homem no seu dia a dia". A responsável pela edição descreve o livro como “intimista”, uma vez que inclui passagens do diário enquanto esteve preso, mas também relatos de “como viviam os seus pais, como viveu as suas férias na Ucrânia, porque o pai era ucraniano”, mas as histórias não ficam por aqui. “Tem um episódio muito, muito curioso sobre o acidente Nuclear de Chernobyl. Depois, a ascensão de Putin ao poder.”
Há também episódios que define como “caricatos”, como algumas das histórias do ativista na prisão. “Como se dava com outros presos, como, às tantas, era visto quase como uma popstar naquele ambiente, como ele adorava fazer cozinhados e como inventava mil e uma coisas com o que tinham ao seu dispor na prisão."
Contudo, como sabemos, a história de Navalny não tem um final feliz e o autor retrata como a sua situação foi-se agravando. “À medida que ele vai transitando de estabelecimento prisional em estabelecimento prisional, as coisas vão começando a piorar até ao ponto de degradação completa.”
No geral, o ativista político fala “da sua infância, dos seus estudos, da sua dedicação ao trabalho e à fundação anticorrupção, e depois conta-nos sobre a sua decisão de viajar, de regressar à Rússia. As cartas da prisão acontecem, salvo erro, quatro dias depois da viagem para a Rússia.” A última entrada da obra é a 17 de janeiro de 2024, sensivelmente um mês antes da sua data de morte conhecida.
Alexei Navalny ficou conhecido após desafiar o Governo russo ao expor casos de corrupção. Morreu numa prisão na Rússia a 16 fevereiro deste ano, com 47 anos. Chegou a ser um dos candidatos favoritos a prémio Nobel da Paz. A viúva, Yulia Navalnaya, disse que ia ser candidata à presidência da Rússia depois de Putin sair do poder.
A autobiografia de Alexei Navalny, "Patriota", chega esta terça-feira às livrarias. É da editora Ideias de Ler, que pertence ao Grupo Porto Editora.
