Só acontece uma vez a cada dez anos. O congresso do PC chinês reúne-se para formalizar a passagem de testemunho na liderança. Em Pequim, há segurança máxima há vários dias.
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A preocupação das autoridades chegou ao ponto de proibir largadas de pombos, banir as facas das prateleiras das lojas e exigir aos taxistas que tranquem as portas dos veículos, ativando o dispositivo de segurança para crianças. Para que os passageiros não abram as janelas, os manípulos foram mesmo retirados dos táxis de modo a evitar que panfletos reaccionários possam destabilizar a viagem.
No menu da reunião, com dois mil delegados que deverá estender-se por uma semana, está uma renovação geracional. Os líderes com mais de 68 anos saem de cena.
Xi Jinping, atual vice-presidente, vai assumir o volante de um país em mudança que já é a segunda maior economia do mundo.
Trata-se de um desconhecido do grande público, mas é casado com Peng Lyuan, uma cantora famosa, estrela de televisão há vários anos na China.
Este cartão de visita tem servido a Xi Jinping e começou a ser um problema dentro do partido comunista, de tal forma que os dirigentes mandaram a esposa do futuro líder ser o mais discreta possível para que ele ganhasse as luzes da ribalta.
Xi Jinping tem 59 anos, estudou engenharia química, mas a vida académica fica também marcada por um doutoramento em teoria marxista.
É um dos príncipes do aparelho do partido, cresceu no meio das elites, mas antes mesmo de começar o percurso académico, Xi viveu vários anos na pobreza do campo.
É considerado um reformista prudente e há cerca de três anos, no México, fez um discurso que para muitos analistas serviu para lançar as pistas desta liderança.
Em resposta às críticas, Xi saiu em defesa do regime de Pequim, dizendo que há estrangeiros barrigudos e sem nada para fazer que apontam o dedo à China.
Sobre a economia chinesa, apesar de ter desacelerado nos últimos tempos, tem ainda um apetite voraz, procurando em todo o mundo matérias-primas para uma indústria em grande expansão.
Em Portugal, os chineses já compraram a EDP e fala-se que há interesse na banca.
Ouvido pela TSF, o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, admitiu que a empresa Águas de Portugal pode ser interessante.
A TSF ouviu igualmente Ilídio Serôdio, vice-presidente da Câmara do Comércio Luso-Chinesa, que explicou as mudanças que está a atravessar a economia chinesa que fascina e inquieta meio mundo.